Saúde: Voluntários levam alegria a pacientes do Hospital do Servidor Público Estadual

Grupos do Terceiro Setor vem aumentando número de adeptos

sex, 20/02/2004 - 12h09 | Do Portal do Governo

Quem pensa que hospital é lugar só de tristeza e dor, está enganado. Fato que comprova esta afirmação é a existência do trabalho desenvolvido pelo voluntariado nessas entidades. Grupo pertencente ao chamado Terceiro Setor que, ao longo dos anos, vem ampliando o seu número de adeptos. O Instituto de Atendimento Médico ao Servidor Público Estadual (Iamspe), ao trazer essas Associações para o Hospital do Servidor Público Estadual, mostra que está dentro dessa nova tendência. Por isso pode ser considerado modelo de Instituição que tem agregado ao seu corpo de médicos e enfermeiros esses voluntários.

São pessoas que deixam sua profissão de lado algumas horas por dia para ajudar o próximo. Isabel Cristina da Mata, 41 anos, e Cláudia Ferreira, 35, são exemplos. Elas exercem a função de administradora hospitalar no HSPE. A primeira está no Hospital há 12 anos e meio (atualmente, presta serviços na UTI da entidade) e a segunda há quatro anos e meio – hoje, trabalha no setor do Centro Cirúrgico.

Amigas inseparáveis, Isabel e Cláudia se conhecem há mais ou menos 14 anos. Ambas são Kardecistas e atuam como voluntárias há nove anos. Iniciaram suas atividades em meados de 95 como integrantes do Centro Espírita Nosso Lar – Casas André Luiz. Na época, faziam visitas aos pacientes do Alivi (uma colônia só para aidéticos) procurando dar um conforto a eles. Há três anos e meio, integram a Associação Viva e Deixe Viver (grupo que atua em 20 hospitais).

Pela Associação, desenvolvem um trabalho junto aos pacientes da AACD e desde a consolidação de sua parceria com o Iamspe, em junho de 2003, elas têm levado às crianças da Oncopediatria e Pediatria do HSPE muita alegria, através de brincadeiras, leitura de livros ilustrativos e sonoros, fazendo palhaçadas e estimulando-as também à pintura com lápis de cor e a escovar os dentinhos corretamente com o Kit dentuço – tudo no intuito de promover entretenimento, cultura e informação educacional aos pequeninos.

“As crianças gostam de nós porque vamos até elas para fazer bagunça”, afirmam. Pelo menos uma vez por semana, geralmente às quartas-feiras, Isabel e Cláudia deixam sua rotina de lado e assumem o lado voluntário de cada uma. O horário das visitas aos pacientes acontece entre 16 e 17h30, após o expediente das duas. A jornada de trabalho delas no Hospital é das 7 às 16 horas, quando não têm plantão técnico ou de ficar até mais tarde para terminar uma tarefa.

Para as amigas, a importância do voluntariado está no fato de o voluntário estar no local para se doar à pessoa que precisa. “Nessa ocasião, o voluntário deve se desprender dos seus problemas relacionados ao cotidiano, livrar-se de tudo que possa transmitir algo negativo aos pacientes”, disseram.

“Quando estou trabalhando – fora do voluntariado – não tenho tempo muitas vezes para dar atenção a quem necessita de auxílio”, explicou Cláudia. “Ao incorporar meu lado voluntária, me sinto mais aberta, livre das pressões rotineiras”, complementou.

Já Isabel, ressaltou a relevância do momento certo para iniciar a ação. “Na ocasião em que resolvi ser voluntária estava ciente do compromisso, seriedade e responsabilidade que estava assumindo. Na verdade, fico em dúvida de quem está recebendo mais: se é o paciente que está ganhando o carinho, a atenção, ou se é o próprio voluntário. Creio que existe uma troca de valores de quem está ajudando com que está recebendo a ajuda”, opinou.

Outro exemplo é o da jovem Elza Tekla Mekss, 26 anos. Há quatro meses e meio participa como voluntária da Organização Canto Cidadão – dos Doutores Cidadãos. Juntamente com ela, integram a entidade cerca de 65 voluntários. Elza conta que decidiu fazer parte desse grupo para tentar melhorar seu convívio social.

“Na Faculdade, tinha muita dificuldade de me relacionar com os colegas de turma. Quando soube da existência dos Doutores Cidadãos, imediatamente resolvi me inscrever no programa de treinamento. Ainda mais sabendo que se tratava de uma entidade que lidava com adultos, uma vez que já atuava com o público infantil, dando aulas de desenho numa escola municipal”, informou.

Assim que concluiu a primeira etapa para ser aprovada na Organização, a jovem fez um estágio – um programa de três semanas – no Hospital Cruz Azul. Desde o dia 13 de janeiro é Doutora Cidadã no HSPE (ele que firmou parceria com a entidade no final do ano passado). Segundo Elza, o trabalho do Doutor consiste em promover alegria e distração ao paciente, visando amenizar o ambiente hospitalar, cuidando da saúde do humor de cada um. Para isso, conta com uma colaboração multidisciplinar de profissionais da área: médicos, psicólogos e assistentes sociais.

Atualmente, Elza estuda e leva uma vida normal, como as jovens de sua idade. Pratica esportes e é voluntária duas vezes por semana. Questionada sobre seu relacionamento com os pacientes do Hospital do Servidor, foi enfática: “Eles são maravilhosos, muito receptivos. Graças ao meu convívio com estas pessoas, estou aprendendo a ser mais humana e menos egoísta. Não estou tão voltada mais para os meus problemas como antes. Aliás, estou percebendo, a cada visita que faço ao Servidor, o quanto os meur problemas são pequenos diante de tantas dificuldades da vida das pessoas que vejo”, comenta.

A Doutora Cidadã, conhecida como “Rolinha Primavera”, acompanhada da Doutora “Risoletta Maritacca”, interpretada pela engenheira Renata de 34 anos, vai ao HSPE todas as terças-feiras, às 18 horas.

Juntas, as duas transmitem muito afago aos pacientes por um período de duas a três horas. O tempo de dedicação a eles depende da receptividade de cada um. “Trabalhamos com o lado psicológico dos pacientes, procurando deixá-los bem à vontade para exporem sua aflições e problemas. As pacientes geralmente são mais abertas, expressam melhor seus pensamento”, disse Elza.

Por enquanto, a dupla de Doutoras visita os pacientes da geriatria do Hospital (no 8º andar), da Clínica Médica, Cirurgia Torácica e de Doenças do Aparelho Respiratório (no 10º andar). Segundo elas, a idéia do Canto Cidadão, juntamente com o Iamspe, é aumentar o número de Doutores Cidadãos para atender todas as áreas da Instituição.

Além da parceria do Instituto com as Associações de Voluntários “Viva e Deixe Viver” e “Canto Cidadão” – Doutores da Alegria, passaram pelo HSPE membros da entidade Mensageiros da Alegria – que todas as terças e quintas-feiras, a partir das 14 horas, levavam um pouco de diversão a criançada da Pediatria.

Vestidas de palhaças, “Macabéia” e “Josefina” divertiram a garotada. Segundo elas, o público mirim do Servidor é um dos mais encantadores com os que já trabalharam. Exemplos diferentes, essas voluntárias vivem única e exclusivamente para o voluntariado.

Marcou presença também na entidade uma contadora de histórias: dona Jacy Donadio, uma gentil e simpática senhora que, no auge dos seus 80 anos, esbanja muita saúde e disposição para ajudar a quem necessita. Ela é professora pública aposentada e sempre freqüentou o Hospital do Servidor, tanto como usuária quanto como simples visitante.

“Já vivi o bastante para mim, agora sinto a necessidade de dedicar-me a quem precisa de carinho e calor humano. Foi muito prazeroso ver o sorriso nas carinhas daquelas crianças que tanto precisavam se reabilitar”, falou Jacy, fazendo menção às suas visitas às crianças do Setor da Pediatria do Hospital do Servidor. A elas, a voluntária contava histórias criadas de sua própria autoria.

Além dos pequeninos, dona Jacy também se fez presente junto aos companheiros de sua 3ª idade: ela ministrava aulas de alfabetização e redação para os colegas que fazem parte do Programa de Atenção ao Idoso do HSPE.

Percebe-se que hoje em dia a classe do voluntariado tem assumido um papel muito relevante nas instituições de saúde de todo país. Tudo pela mudança de conceitos dos hospitais com relação ao tratamento oferecido ao paciente. Não se pensa mais somente em remédios, cirurgias. Pensa-se sim em buscar, através da humanização no atendimento a essa pessoa, formas de carinho para complementar o processo de recuperação de cada uma.

Foi nesse sentido que o Hospital do Servidor Público Estadual criou o Programa de Humanização da Instituição e agregou a ele parte da essência humana: a caridade, o amor e a tolerância – um dos significados da pratica do voluntariado.

Da Assessoria de Imprensa do Iamspe/HSPE

C.C.