Saúde: Variação de temperatura aumenta risco de infarto

Temperaturas muito altas também são desfavoráveis

qua, 26/01/2005 - 8h57 | Do Portal do Governo

Cerca de 12 mil pessoas morreram de infarto na cidade de São Paulo entre janeiro de 1996 e dezembro de 1998, a maior parte delas nos dias em que os termômetros marcavam 13ºC. Uma pesquisa realizada pelo cardiologista Luiz Antônio Machado César, do Instituto do Coração (InCor), e Rodolfo Sharovski, do Hospital Universitário (HU) da USP, relacionou o número diário de mortes ocasionadas por problemas cardiovasculares com dados de temperatura, umidade do ar, pressão e poluição atmosférica na região metropolitana. A conclusão foi que dias frios favorecem a ocorrência de infarto nos paulistanos, principalmente entre idosos.

César dividiu os dados da temperatura na cidade em dez categorias. As mais baixas variavam entre 12ºC e 13ºC. As mais altas iam de 25ºC a 26ºC. ‘A menor taxa de mortes por infarto foi registrada nos dias em que a temperatura estava na casa dos 21,6ºC e 22,6ºC, patamar usado como referência’, explica César. Subindo ou descendo a temperatura, observou-se aumento progressivo nas ocorrências de infarto, sendo que ‘as taxas mais altas de morte aconteceram em baixas temperaturas.’

Três motivos são citados por César para explicar a relação entre as condições do tempo e as variações no número de infartos na população. ‘No frio, os fatores de coagulação do sangue ficam mais ativos, o que favorece a oclusão de artérias coronárias’, diz.

Outro motivo é a vasoconstrição. Os vasos sangüíneos do corpo humano, para evitar a perda de calor em baixas temperaturas, se contraem. Em pessoas que já possuem algum tipo de placa de gordura atrapalhando a circulação arterial, a vasoconstrição pode provocar a obstrução completa do vaso e, conseqüentemente, infarto. Inflamações respiratórias, típicas de épocas frias, também colaboram com problemas cardiovasculares.

Mudanças bruscas

‘Caso o indivíduo se submeta a mudanças bruscas de temperatura, principalmente do quente para o frio, esses efeitos são intensificados – sobretudo a vasoconstrição’, diz César. Já o calor promove a desidratação do corpo. ‘Isso faz com que o sangue apresente uma concentração maior de células, facilitando a formação de coágulos’. Menores quantidades de água na circulação também fazem com que a pressão arterial sofra uma queda. Idosos são as principais vítimas dos infartos relacionados às condições de temperatura.

Segundo César, esse tipo de estudo ainda não tinha sido realizado em regiões de clima subtropical, como São Paulo. Somente países de regiões temperadas fizeram levantamentos deste tipo. ‘Pesquisas como estas são importantes para termos o máximo de correlações possíveis entre as condições ambientais e os problemas do coração. Assim, podemos orientar melhor os cidadãos, principalmente aqueles que possuem predisposição às doenças’, finaliza.

Por Tadeu Breda, da Agência USP de Notícias

C.C.