Saúde: Vacina apresenta bons resultados na luta contra o câncer

Nos 30 pacientes que receberam a vacina foi possível notar redução na progressão dos tumores

sex, 16/08/2002 - 20h12 | Do Portal do Governo

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP em parceria com o Hospital Sírio Libanês, e com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), vem analisando a eficácia de uma vacina no combate a tumores de pacientes com câncer de rim e de pele (melanoma).

A vacina é resultado de um alto investimento em tecnologia feito pelo Sírio Libanês e pela Fapesp e já apresenta alguns resultados que permitem aos médicos sonharem com a cura desses tipos de câncer.

A idéia central é explicada pelo coordenador do projeto, o imunologista e professor do ICB, José Alexandre Marzagão Barbuto: ‘A intenção é fazer com que o sistema imune, inibido pela doença, seja induzido pela vacina e que, depois, possa continuar sozinho o combate às células cancerosas’.

Para desenvolver a vacina, são retiradas células dendríticas (apresentadoras de antígenos) de pessoas sadias e células de tumores dos pacientes a serem tratados. A partir de uma fusão feita em laboratório, são criadas células híbridas que atuarão no combate às células doentes. A pesquisa já dura um ano e os resultados colhidos têm sido satisfatórios, apesar de ainda pouco conclusivos.

Na pesquisa foram estudados casos de câncer de rim e de melanoma (pele). Nos 30 pacientes que receberam a vacina na primeira fase do projeto, foi possível notar que na maior parte dos casos os tumores pararam de progredir, havendo até mesmo regressão, ainda que pequena.

A escolha dos pacientes foi feita de acordo com a condição clínica que melhor se encaixava no estudo. Todos recebem o tratamento experimental gratuitamente, mesmo porque ainda seria muito caro fazê-lo caso fosse colocado no mercado.

Barbuto ressalta o caráter experimental da vacina mas se mostra otimista quanto a resultados futuros. ‘Não há previsão de quando essa vacina poderá ser disponibilizada, pode ser daqui a três meses, um ano ou muito mais. O importante é que os resultados já têm aparecido’, comenta otimista.

A vacina é preparada no laboratório de patologia do Hospital Sírio Libanês ficando para o ICB boa parte do trabalho instrumental no desenvolvimento e aprimoramento de novas técnicas. A pesquisa em câncer realizada hoje no País é das mais modernas do mundo e ganhou um grande reforço com a inauguração do Centro de Oncologia do Sírio Libanês. ‘O Centro compete com qualquer outro do mundo. O grande diferencial é a abordagem que nós fazemos’, diz Barbuto que está participando, até domingo (18) do III Congresso Internacional de Cancerologia e Imunobiomodulação em São Paulo.

Pedro Biava
da Agência USP de Notícias