Saúde: Tumor benigno de ovário pode ser tratado sem cirurgia no HC da USP

Tratamento terá duração de um ano e faz parte da tese de doutorado da médica Lúcia Helena Chnee

qua, 16/06/2004 - 9h25 | Do Portal do Governo

A médica Lúcia Helena Chnee, do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), convoca mulheres entre 25 e 60 anos, portadoras de tumor de ovário (com diagnóstico benigno, e no mínimo 5 cm de diâmetro após a realização do ultra-som) para participarem de tratamento clínico gratuito sem intervenção cirúrgica. O serviço será realizado no setor de Ginecologia Endócrina e Climatério do Hospital das Clínicas (HC).

Até o momento, 26 mulheres estão incluídas no estudo. Interessadas em preencher as outras 49 vagas devem se dirigir ao Prédio dos Ambulatórios, na Av. Doutor Enéas de Carvalho Aguiar, 155. A seleção para o tratamento está sendo realizada pela própria médica por meio de exames de ultra-som e sangue.

O tratamento terá duração de um ano e faz parte da tese de doutorado da médica, produzida com a orientação do professor Vicente Renato Bagnoli. O trabalho foi iniciado em junho do ano passado com o tema Terapêutica clínica nos tumores benignos de ovário e será concluído em dois anos. A ultra-sonografia e seu crescente desenvolvimento tornaram possível caracterizar os tumores com maior sensibilidade e especificidade e diferenciar o maligno do benigno.

A pesquisadora explica que o objetivo do trabalho é padronizar os tratamentos de tumores benignos de ovário após acompanhar por um ano cada mulher que participar desse estudo. Com isso, pretende demonstrar que muitas das cirurgias atuais são desnecessárias. “A idéia é padronizar condutas clínicas, o que está faltando na literatura nacional e internacional.”

Lúcia defende que o crescente desenvolvimento de exames diagnósticos oferece maiores possibilidades de tratamento para os profissionais abordarem os tumores ovarianos clinicamente, ficando as indicações cirúrgicas para casos mais específicos. “Um dos critérios de seleção das mulheres será o diâmetro de no mínimo 5 cm, isto porque verificamos na literatura que a maioria de tumores malignos tem no mínimo 10 cm de diâmetro.”

Padrão de conduta

As pacientes são divididas aleatoriamente em cinco grupos. Quatro deles são tratados com hormônios diferentes e um, o chamado grupo controle, não recebe medicação. “É acompanhado somente com exames a cada três meses para verificar se houve evolução ou não desses casos, em comparação aos outros”, destaca.

Após três meses do uso da medicação será feita reavaliação da conduta. Caso o tumor persista, adotaremos outro procedimento não cirúrgico. Durante o ano, os exames serão repetidos trimestralmente, em todos os casos. No final, será indicada cirurgia para os casos que não responderem às condutas clínicas com o intuito de tratar e compreender a etiologia de cada tumor.

A médica adianta que, possivelmente ao final do tratamento, haverá divisão dos pacientes em dois subgrupos: as mulheres que menstruam e as que não têm mais as regras. Ela acredita que as últimas terão respostas diferentes, pois as primeiras têm receptores hormonais ativos.

Lúcia informa que, geralmente nos tumores com características benignas, com diâmetro menor que 5 cm, já é consagrada a forma de os profissionais apenas observarem o desenvolvimento ou não do cisto periodicamente. Mas quando se trata de tumorações com características benignas de cinco, seis ou sete centímetros de diâmetro, a classe médica ainda tem dúvidas em relação ao tratamento a ser adotado e por quanto tempo. “Devemos ou não tirar o cisto? Só observar? Por quanto tempo? E se persistir por mais de dois anos, operamos? Deve-se tratar com alguma medicação clínica? Há resposta eficiente à medicação que difere conforme a faixa etária? O estudo da ginecologista pretende responder a todas essas dúvidas. “Tudo isso desejamos esclarecer para colaborar com um novo modelo de conduta clínica em tumores ovarianos.¨

SERVIÇO:
Interessadas em preencher as 49 vagas disponíveis devem dirigir-se ao Prédio dos Ambulatórios do HC, na Av. Doutor Enéas de Carvalho Aguiar, 155, em frente ao Incor. A seleção está sendo feita exclusivamente às quartas-feiras, às 8 horas, no ambulatório de ginecologia, no 5º andar do bloco 1, sala de ultra-som, unidade 8000. Telefone (11) 3069-6054

Viviane Gomes
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)