Saúde: Setor de Eletromiografia do Hospital do Servidor Público comemora 40 anos

Aniversário será comemorado com simpósio

qua, 17/03/2004 - 12h31 | Do Portal do Governo

A Eletromiografia, um setor que pertence ao Serviço de Neurologia Clínica do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), completou 40 anos e para comemorar a data o Setor promoverá, de 30 de abril a 2 de maio, o Simpósio de Eletromiografia do HSPE, no Centro de Extensão Univeristária (CEU), situado na rua Maestro Cardim nº 370, telefone 251-5377, quando estarão presentes especialistas de todo o Brasil.

O setor é reconhecido pela formação de médicos eletromiografistas, ao todo 50 até hoje, em grande parte neurologistas. O médico-chefe do Setor, Dr. José Luis Alonso Nieto, que responde pelo serviço desde sua criação em 1963, desenvolveu várias técnicas para aprimorar o exame que avalia nervos e músculos de pacientes que apresentam inúmeras doenças musculares e do sistema nervoso periférico, que acabam comprometendo os movimentos.

Dr. Alonso afirma que o Setor de Eletromiografia (EMG) do HSPE colaborou para a formação da equipe de especialistas de outros serviços como o da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), do Hospital Universitário de Ribeirão Preto e do Hospital Sarah Kubitscheck, de Brasília. “Mas, o maior reconhecimento vem dos pacientes que são atendidos por nós, eles saem agradecidos e satisfeitos com o Setor, que possui o menor tempo de espera para a realização do exame na Capital, cerca de dois meses”, salienta o doutor.

Conhecida e reconhecida em toda a América Latina, a EMG do HSPE ainda forma especialistas do México, Bolívia e Peru, entre outros países, em eletromiografistas de conceituado valor. Dentro do Estado de São Paulo é o serviço com maior produção, em torno de dois mil exames por ano. Realiza em média 15 exames por dia, entre pacientes do ambulatório e de enfermaria, de todas as idades, encaminhados por inúmeros serviços.

O exame de eletromiografia – que significa registro da atividade elétrica muscular – é auxiliar no diagnóstico e tratamento de patologias que acometem o sistema nervoso como tremores e movimentos involuntários, paralisia facial periférica, lesões por esforços repetitivos, bem como doenças inflamatórias e renais. “Por exemplo, 20 a 30% dos pacientes diabéticos, ao longo de 20 anos da doença, acabam desenvolvendo algum tipo de doença que acometa nervos e músculos”, explica a médica do Setor, Dra. Margareth Reiko Kai.

Novas técnicas

O Setor de Eletromiografia nem sempre contou com uma tecnologia atual e moderna. Quando não existia computador e não se registrava imagens, os exames eram impressos em papel na forma de estímulos – como no eletrocardiograma – e depois transformados em imagem por meio de filme radiográfico.

No decorrer desses 40 anos, o Dr. Alonso desenvolveu várias técnicas baseado em sua experiência no dia-a-dia do serviço e na observação de seus pacientes. Entre elas, ele modificou a técnica quantitativa – fotografia de registro dos estímulos – para que o exame passasse a ser mais rápido, o que ensejou a publicação de trabalhos na literatura médica. Outra inovação é o estudo detalhado do tempo de resposta dos reflexos, ele é usado em pacientes que o exame convencional não aponta com precisão esse tempo.

Também desenvolveu o estudo do sistema nervoso central, por exemplo cãibra do escrivão, caracterizado por tremores involuntários. Do mesmo modo, identificou a hiperexcitabilidade do sistema nervoso periférico e central que diagnostica em pacientes, inclusive jovens, a hipocalcemia, ou seja, a perda de cálcio, que provoca cãibras, dores generalizadas e enxaqueca.

Dr. Alonso ainda cita a técnica do fenômeno strümpell que é o sinal clínico para o diagnóstico do déficit de força de origem central para o caso de portadores, que são analisados através da eletromiografia. Seus estudos também suscitaram a estimulação magnética das vias motoras centrais (cérebro) para auxiliar pacientes que tiveram derrame e a estimulação elétrica (potencial evocado somato-sensitivo) que estuda a sensibilidade até o cérebro.

Seguindo os passos do professor, a Dra. Margareth, que fez residência médica no Setor e faz parte do quadro desde 1998, defendeu tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP) sobre o funcionamento das fibras amielínicas, responsáveis pela dor, sensações térmicas e funções autonômicas. Ainda em caráter experimental, a médica explica que esse estudo vai detectar alterações que escapam no exame de eletromiografia convencional.

História

O Serviço de Neurologia, idealizado pelo Prof. Dr. Roberto Melaragno Filho, foi o primeiro a contar com um Setor de Eletromiografia em São Paulo, com o apoio do primeiro diretor do Hospital Dr. Reynaldo Neves Figueiredo, equipado na época com um moderno eletromiógrafo Sanei, de fabricação japonesa. Em setembro de 1963 o Dr. José Luis Alonso Nieto, foi convidado pelo Dr. Melaragno, a trabalhar como médico neurologista responsável pelo Setor de EMG. O Dr. Alonso fez a especialidade de Neurologia no Hospital das Clínicas, e a partir de 1962, orientado pelo Dr. Eduardo Carlos Figueiredo Ferraz, um dos pioneiros da EMG no Brasil, começou a atuar nessa área da medicina.

Desde o inicio, o Setor de EMG atendeu a pacientes de todos os serviços do Hospital e foi desenvolvendo novas técnicas de diagnóstico eletromiográfico e eletrofisiológico que foram surgindo até os dias de hoje. Assim, a EMG que era a única técnica utilizada nos anos 60, foi acrescida de outras progressivamente, como medidas de condução de nervos motores e sensitivos, técnica para avaliação da fadiga muscular, estudo de reflexos e técnicas para avaliar o sistema nervoso autônomo e vias sensitivas e motoras da medula e do cérebro. Esse estudo das vias motoras centrais foi possível porque o Setor dispõe desde 1995 de um estimulador magnético, que é um dos primeiros equipamentos usados em nosso Pais.

O Setor de Eletromiografia do HSPE tem desenvolvido várias técnicas diagnósticas como a eletromigrafia quantitativa já citada, avaliação de reflexos e moléstias do sistema nervoso central, e diagnóstico eletromiográfico de hipocalcemias.

Em 1980 o Dr. Alonso passou a ser responsável pela Seção de Eletrodiagnóstico, que compreende os setores de Eletroencefalografia e Eletromiografia. Em 1998, a Dra. Margareth Reiko Kai que fez residência médica no Serviço de Neurologia do HSPE, voltou da Universidade de Chiba (Japão), onde estagiou durante um ano no serviço de eletromiografia daquela universidade, começando a trabalhar nessa especialidade no hospital.

Atualmente, ela é responsável pelo Setor de EMG e em dezembro passado defendeu brilhantemente sua tese de doutorado acerca da avaliação eletrofisiológica de fibras nervosas sensitivas amielínicas, sendo um trabalho pioneiro no Brasil.

“Desta forma, foram completados 40 anos de trabalho na área da eletrofisiologia com o início da difícil técnica de estudo dessas fibras responsáveis por moléstias dolorosas intensas que escapavam à eletromiografia convencional. Finalmente, está em andamento a tese de doutorado do Dr. Roger Gomes Reis sobre o tema da estimulação magnética no estudo de moléstias degenerativas da medula. O Dr. Roger também fez as especialidades de neurologia e eletromiografia no Hospital do Servidor”, conclui Dr. Alonso.

Da Assessoria de Imprensa do Iamspe/HSPE

C.C.