Saúde: Sensor magnético permite medir o acúmulo de ferro no fígado

Exame é importante no diagnóstico de doenças. Estudo foi desenvolvido pela USP

qua, 08/10/2003 - 11h06 | Do Portal do Governo

Da Agência de Notícias da USP
Por Pedro Biava

Um aparelho de leitura magnética desenvolvido na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, permite que sejam feitos, sem intervenção cirúrgica, exames para detectar o excesso de ferro no fígado de pessoas submetidas a seguidas transfusões de sangue, como hemofílicos e portadores de talassemia e anemia falciforme. O exame é muito importante no diagnóstico de diversas doenças decorrentes do acúmulo de ferro no organismo.

O equipamento, desenvolvido pelo grupo de Biomagnetismo da FFCLRP, utiliza um sensor que mede o campo magnético produzido pelo ferro no fígado. Durante o exame, a pessoa fica deitada em uma cama dedicada (construída de material não metálico e não condutor para não interferir). ‘Depois de localizar o fígado com um ultra-som, o paciente é posicionado mantendo a região central do fígado próximo do sensor magnético. O sensor fica aproximadamente a dois centímetros do tecido sem tocá-lo, e a medida dura em torno de 5 minutos’, conta o físico Antonio Adilton Oliveira Carneiro, autor do projeto.

Pacientes submetidos a transfusão precisam ter o ferro no organismo quantificado para controlar a sua remoção e evitar o acúmulo nos tecidos. Geralmente, esta medida é feita por uma estimativa do nível de ferritina no plasma sanguíneo, mas esse método nem sempre é preciso.

Um segundo método aplicado é a biópsia, ou seja, a retirada de um pedaço do fígado para exame, porém, essa técnica é muito invasiva e inviável quando tem de ser aplicada periodicamente, colocando em risco a vida do paciente. O aparelho da USP é capaz de quantificar o ferro no tecido, sem a necessidade de intervenção cirúrgica. É utilizado o fígado por ser o órgão que mais acumula este metal.

O aparelho, único em funcionamento no País, já foi utilizado com sucesso no Hemocentro de Ribeirão Preto, mas somente para pesquisa. Mesmo mais barato do que os similares estrangeiros, seu custo ainda é alto. ‘Lá fora eles já comercializam equipamentos parecidos, mas não iguais. O aparelho nacional custa cerca de US$ 100 mil enquanto os similares estrangeiros ultrapassam US$ 1 milhão’, conta o professor Oswaldo Baffa, coordenador do projeto. ‘Seria ótimo instalar uma ou duas máquinas no Brasil.’, diz o professor, que não vê interesse em patentear a tecnologia, devido ao seu alto custo para comercialização e baixa produção.

Mais informações podem ser obtidas no site www.usp.br/agen
V.C.