Saúde: Reposição hormonal pode afetar o coração

Constatação foi feita por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas e do Instituto do Coração da USP

qua, 05/02/2003 - 14h06 | Do Portal do Governo

Mulheres sob terapia de reposição hormonal podem ter complicações cardiovasculares. A constatação foi feita por pesquisadores do Laboratório de Imunofisiopatologia, do Instituto de Ciências Biomédicas, e do Instituto do Coração da USP. Especialistas avaliaram o efeito dos hormônios na formação do mau colesterol, no início do tratamento com hormônios.

“A reposição hormonal provoca alterações numa partícula chamada LDL (sigla em inglês para lipoproteína de baixa densidade) responsável pelo transporte das moléculas de gordura pela corrente sangüínea. A LDL modificada vai agir diretamente no acúmulo de gordura na parede dos vasos sangüíneos, formando uma placa que impede a passagem do sangue”, explica o professor Magnus Ake Gidlund, chefe do laboratório.

Esse quadro de formação de placa, que leva ao entupimento das artérias, é definido como aterosclerose, doença que desencadeia complicações maiores, como infarto do miocárdio e angina. Isso acontece porque o tratamento com hormônios gera um estresse no organismo, que pode levar a modificações na LDL.

Modificada, provoca uma resposta do sistema imunológico com produção de anticorpos, assim como a reposição hormonal leva à geração de outros tipos de anticorpos que, contra a LDL modificada, teriam a função de fazer a sua “limpeza”. No entanto, outros tipos de anticorpos gerados pela reposição hormonal seriam lesivos, interagindo com a LDL modificada e agravando as lesões arteriais.

Pós-menopausa

Para a realização da pesquisa, foram selecionadas 20 mulheres com idade média de 60 anos, no período pós-menopausa. Todas foram consideradas normais do ponto de vista físico e homogêneas no perfil lipídico (quantidade de componentes de gordura no sangue). O estudo ocorreu durante o primeiro ano de reposição hormonal, sendo que todas as pacientes receberam a mesma dose de hormônios.

Gidlund ressalta que um levantamento epidemiológico, feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia em vários hospitais nos EUA, identificou o aumento de complicações cardiovasculares em mulheres durante o primeiro ano de tratamento hormonal, embora uma redução dessas ocorrências tenha sido constatada num grupo com tratamento hormonal mais prolongado.

Esses dados e os do grupo da USP apontam para um risco maior no primeiro ano de tratamento e sugerem avaliação médica minuciosa nesse período. “O diagnóstico das alterações no organismo é importante para estabelecer uma relação de risco-benefício da reposição hormonal, facilitando a decisão de modificar, parar ou continuar com a terapia, caso haja risco para a saúde da paciente”, argumenta.

SERVIÇO
Outras informações: (11) 3091-7382 ou no e-mail gidlundm@usp.br

Da Agência Imprensa Oficial e
Assessoria de Imprensa da USP