Saúde: População desconhece riscos do reumatismo em crianças e jovens

Tratamento adequado garante boa qualidade de vida

ter, 07/10/2003 - 16h21 | Do Portal do Governo

Muitos acreditam que as doenças reumáticas são exclusivas da população adulta. Vários sintomas, de fato, são associados com moléstias degenerativas e sinais como desgaste de cartilagens, enfraquecimento muscular e perda de massa óssea.No entanto, um grande número de reumatismos aflige também a população infantil com evidências semelhantes, como dor e rigidez nas articulações.

Cláudia Goldenstein Schainberg, professora de Reumatologia da Faculdade de Medicina da USP e chefe do Ambulatório de Artrites da Infância e Juvenil do Hospital das Clínicas, explica que os principais sintomas da artrite reumatóide juvenil são inchaço, dor e dificuldade de movimento nas articulações eventualmente associados à febre prolongada e sem causa evidente.

“A doença é rara, incide três vezes mais em pacientes do sexo feminino e afeta jovens e crianças menores de 16 anos”, informa. Além da enfermidade afetar as juntas, pode acometer órgãos como coração, olhos, músculos, tendões, fígado ou mesmo a pele. Pode durar anos, com períodos eventuais de remissão e atividade, quando o paciente sente dores e febre. Não é fatal, mas a falta de tratamento pode deixar seqüelas graves, como perda de movimento em braços ou pernas e tornar a criança totalmente dependente. “É importante salientar que, se tratada de forma adequada, permite vida independente e de boa qualidade na maior parte dos casos”, explica a médica.

Sintomas

De uma hora para outra, a criança cai repetidamente, tropeça ou caminha com dificuldade e abandona atividades rotineiras e comuns como correr ou jogar bola. Ou então sente algum tipo de dor que pode ser constante e não melhora com analgésicos, até mesmo em repouso e tem o sono afetado durante a noite.

Isso pode ser sinal de algum problema reumatológico, inflamação nas juntas causada por fatores diversos, como má postura e infecções na garganta além de predisposição genética. Na eventualidade de queixas desse tipo, recomenda-se levar a criança ao médico o mais rápido possível, evitando adiar a consulta e havendo necessidade, este a encaminhará para especialistas em reumatologia pediátrica.

Muitas vezes, a doença demora para ser identificada e no período de um ano o paciente passa por vários especialistas sem obter o diagnóstico. Dependendo da causa, o tratamento requer antiinflamatórios, antibióticos e drogas para prevenir a progressão, além de fisioterapia e psicoterapia.

Consultas

A médica Cláudia Schainberg ressalta que deve ser evitado o uso de medicamentos por conta própria ou “simpatias” e remédios caseiros. De cada cem crianças, duas apresentam queixas reumatológicas em consultas médicas. O ambulatório de artrites da infância da USP oferece atendimento gratuito para crianças e adolescentes. Consultas podem ser agendadas pelos telefones (11) 3069-7132 e 3066-7217.

Os pacientes devem observar a dosagem correta das medicações prescritas e praticar atividades físicas para manter a função articular. O apoio de pais, professores e amigos da escola é essencial para o paciente mirim superar a doença e as limitações acarretadas.

Incidência

Estima-se que 25% das doenças reumáticas ocorram em menores de 16 anos nos países desenvolvidos e que este porcentual seja ainda maior nos mais pobres. No Brasil, a febre reumática é a de maior incidência seguida da artrite reumatóide juvenil. A lista inclui ainda o lúpus eritematoso sistêmico, dermatopolimiosite, esclerodermia, vasculites e as doenças não inflamatórias como a fibromialgia e a síndrome da hipermobilidade. Além disso, não é raro o reumatologista pediátrico ser chamado para opinar em doenças não reumatológicas, como leucemias, anemias e problemas de tiróide, que afetam também o sistema músculo-esquelético.

SERVIÇO
Hospital das Clínicas da USP – www.hcnet.usp.br
Correio eletrônico – cgs@usp.br
Telefone: (11) 3069-7132

Rogério Silveira/Da Agência Imprensa Oficial/L.S.