Saúde: Pesquisadores da USP e Unesp criam aparelho para detectar mal de Chagas

Novo método localiza anticorpos do parasita Trypanosoma cruzi com mais precisão e rapidez

seg, 20/01/2003 - 12h08 | Do Portal do Governo

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara e da Universidade de São Paulo (USP) acabam de desenvolver uma metodologia inédita para o diagnóstico sorológico da doença de Chagas, enfermidade que atinge aproximadamente seis milhões de brasileiros.

A principal vantagem do método, que utiliza um imunossensor amperométrico (o resultado aparece na leitura da corrente elétrica) é fazer o diagnóstico com maior precisão: o dispositivo detecta no soro sangüíneo quantidades muito pequenas de anticorpos do parasita causador da moléstia, o protozoário Trypanosoma cruzi. Esses anticorpos são produzidos pelo organismo da pessoa infectada.

Os estudos realizados pelos pesquisadores da Unesp e da USP mostram que a nova metodologia é bem mais sensível e precisa do que o teste imunoenzimático – o Enzime Linked Immunosorbent Assay (Elisa) -, largamente utilizado para esse tipo de diagnóstico.

Outra vantagem do novo teste é a rapidez de processamento. A análise dura aproximadamente 40 minutos, tempo bem inferior ao dos testes sorológicos convencionais. O imunoensaio Elisa, feito em placa de poliestireno, leva até duas horas. O novo processamento também pode ser feito em temperatura ambiente, enquanto os kits concorrentes devem ser processados em estufa. Além disso, o emprego do imunossensor em testes sorológicos facilitará a repetição no caso de amostras duvidosas.

“O imunossensor será um importante instrumento de saúde pública em países onde a doença é endêmica”, afirma a química Hideko Yamanaka, professora do Instituto de Química da Unesp e coordenadora da equipe de pesquisadores. O novo método poderá ser usado em bancos de sangue e laboratórios de análises clínicas, no diagnóstico de pacientes.

Segundo a pesquisadora, outra vantagem do imunossensor é a maior agilidade na triagem de doadores reduzindo os casos de transmissão da moléstia por transfusão. “O comercial tem uma placa com 96 testes e, uma vez aberta a embalagem, os que não forem utilizados imediatamente precisam ser descartados. No nosso caso, poderemos configurar o imunossensor da forma que for conveniente para atender à demanda do laboratório”. Isso fará com que o valor unitário do imunossensor possa ser inferior ao do Elisa.

Da Agência Imprensa Oficial
e Revista Fapesp

A.M.