Saúde: Pesquisa revela perfil de mulheres com anorexia e bulimia

Estudo será apresentado na I Jornada de Transtornos Alimentares e Obesidade do HC

qua, 23/10/2002 - 10h41 | Do Portal do Governo

Pessoas com transtornos alimentares utilizam-se de um arsenal de métodos para controle de peso, incluindo exercícios físicos em excesso. Uma pesquisa realizada pelo Ambulatório de Bulimia e Anorexia (Ambulim) do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), buscou descrever quais são esses métodos utilizados, com ênfase para a atividade física.

O estudo, realizado com um grupo de 47 mulheres entre 18 e 38 anos, portadoras de anorexia e bulimia, detectou que 42,6% praticavam exercício de forma excessiva. Cerca de 34% das pacientes dedicavam duas horas ou mais à atividade.

Segundo a coordenadora do estudo, a psiquiatra Sheila Assunção, essas mulheres dependem da atividade física para o bem estar geral, ficam chateadas quando não podem exercitar-se e, quando isso acontece, compensam com horas extras na sessão seguinte. Elas têm rotina fixa para a prática de atividades, exercitam-se mesmo indispostas, cansadas ou machucadas e deixam de participar de eventos sociais, caso possam atrapalhar a rotina do exercício.

A pesquisa completa será apresentada durante a ‘I Jornada de Transtornos Alimentares e Obesidade do Ambulim’, que será realizada nos dias 25 e 26 de outubro de 2002, em São Paulo.

O trabalho revelou alguns dos principais métodos adotados para a perda de peso:
– indução de vômito em 80,9% das pacientes;
– uso de diurético em 36,2%;
– uso de laxantes em 74,5%;
– uso de inibidores de apetite em 55,3%;
– prática de atividade física em 70,2%.

Entre as razões para a prática de exercício, as justificativas foram:
– 63% para perder peso;
– 60,5% para melhorar a forma física;
– 26,3% para manter ou melhorar a saúde.

Segundo a psiquiatra, um fato que chamou a atenção foi que preocupações com peso e imagem corporal precederam o início das atividades físicas – dado que contrasta com estudos já realizados, que descrevem a atividade física intensa antecedendo um transtorno alimentar. Essa obsessão é motivo de preocupação por parte dos especialistas, uma vez que o padrão excessivo acarreta prejuízos psicológicos, sociais e físicos que somam-se àqueles comuns aos transtornos alimentares.

Data: Dias 25 e 26 de outubro de 2002
Horário: A partir das 9 horas
Local: Anfiteatro Principal do IPq – Rua Dr. Ovídeo Pires de Campos, s/nº – 1º Andar (dentro do complexo HC) – São Paulo-SP.