Saúde: Pesquisa do IPq comprova que reposição hormonal requer cautela

Estudo analisou os efeitos da TRH sobre o humor, a ansiedade e a memória de mulheres na menopausa

ter, 27/05/2003 - 12h15 | Do Portal do Governo

O Instituto de Psiquiatria (IPq), do Hospital das Clínicas, realizou pesquisa com um grupo de 60 mulheres, entre 45 e 56 anos, para analisar os efeitos da Terapia de Reposição Hormonal (TRH) sobre o humor, a ansiedade e a memória de mulheres na menopausa. Os resultados indicaram que a TRH deve ser avaliada minuciosa e individualmente em cada paciente.

Realizado por uma equipe do Instituto e liderada pelo coordenador do Projeto de Atenção à Saúde Mental da Mulher – Pro-Mulher/IPq, o psiquiatra Joel Rennó Jr., o trabalho consistiu em dividir as mulheres, aleatoriamente, em dois grupos. Um que tomava hormônio (estrogênio eqüino conjugado 0,625 mg diário) e outro que recebia substância inócua (placebo).

Todas estavam na menopausa há pelo menos dois anos e apresentavam sintomas depressivos, ansiedade e queixas de perda da memória. Eram pacientes típicas de clínicas ginecológicas, provenientes do ambulatório de ginecologia do HC; do Pro-Mulher do IPq e do Hospital Pérola Byington de São Paulo.

‘Selecionamos mulheres que haviam feito esterectomia porque queríamos ministrar apenas o estrogênio, uma vez que a combinação deste com a progesterona já vem sendo analisada por grandes centros de pesquisa norte-americanos’, informa o psiquiatra.

Efeito placebo

O médico esclarece que o uso simultâneo das duas substâncias é indicado para mulheres que possuem útero, mas estudos já indicaram que podem aumentar riscos de trombose, doenças cardiovasculares como infarto, e cerebrovasculares (derrame). ‘Apesar da progesterona ser indicada em certos casos, pode provocar tristeza e irritabiliade. Por isso, qualquer terapia de reposição hormonal deve ser observada com critério e análise cuidadosa de cada paciente.’

No final da pesquisa, segundo o psiquiatra, mulheres dos dois grupos – que receberam placebo e a medicação – mostraram igualmente resultados positivos. ‘O estrogênio eqüino conjugado não surtiu o efeito esperado. É preciso repensar a relação risco/benefício.’ De acordo com o médico, o estudo leva a crer que há cinco anos ou mais mulheres na menopausa não respondam tão bem a TRH.

A pesquisa durou aproximadamente seis meses – seis ciclos de 28 dias. Os testes cognitivos e as escalas psicométricas (avaliação do humor e ansiedade) foram aplicados no início e no final do estudo. As pacientes foram acompanhadas mensalmente para controle de dosagens hormonais; checagem de possíveis efeitos colaterais e adesão ao tratamento.

Qualidade de vida

O coordenador do projeto afirmou que em vista dos resultados negativos inéditos só se deve administrar a TRH após avaliação ginecológica e psiquiátrica detalhadas, discutindo-se com as pacientes os riscos e os benefícios. ‘Se os benefícios superarem os riscos, e isso significar melhora da qualidade de vida, as pacientes podem fazer uso dessa terapia. Caso contrário, outras alternativas devem ser viabilizadas.’

O psiquiatra ressalta ainda que pacientes na perimenopausa (período que se inicia com a queda dos hormônios e pode persistir até um ano após a menopausa) e mais jovens se constituem em um grupo com maiores chances de resposta favorável à TRH, quando comparadas com as menopausadas e mais idosas.

SERVIÇO
A pesquisa para analisar os efeitos da Terapia de Reposição Hormonal (TRH) e outros aspectos relevantes e peculiares da saúde mental da mulher serão apresentados na I Jornada de Saúde Mental da Mulher
Dias 30 e 31 de maio, no Anfiteatro do Hospital Sírio Libanês – Rua Dona Adma Jafet, 91 – Cerqueira César – SP

Da Agência Imprensa Oficial e Assessoria de Imprensa IPq

(AM)