Saúde: Pesquisa da USP analisa causas de morte das mulheres brasileiras

Levantamento revelou que 40% das que morreram fumavam, 51% consumiam bebida alcoólica e 12% usavam drogas

ter, 14/10/2003 - 9h14 | Do Portal do Governo

Pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP), da USP, estão divulgando o Estudo da Mortalidade de Mulheres de 10 a 49 anos no Brasil. O trabalho mostra as causas de óbitos nesse grupo etário para comparar números com registros oficiais e conhecer a mortalidade materna. Com dados mais precisos, é possível estimar um fator de correção para números do Sistema de Informação de Mortalidade Materna (SIM), do Ministério da Saúde, que tem 8% de mortes maldefinidas e subdeclaração de óbitos ligados à gravidez, parto e puerpério (período pós-parto).

Inédita no Brasil, a pesquisa foi mostrada também na Alemanha pelo professor da FSP/USP Ruy Laurenti, em reunião da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além dele, participaram como coordenadores Maria Helena Prado de Mello Jorge e Sabina Gottlieb, ambas também da FSP/USP, e outros pesquisadores nas capitais.

Aparelho circulatório

Eles trabalharam com dados de todas as capitais brasileiras. Detectaram que 8,3% das mortes de mulheres nesta faixa de idade ocorreram em menores de 20 anos. Na Região Norte, a proporção foi de 13,7% e na Sudoeste, cerca de 7%.

As principais causas de morte nas mulheres foram câncer (24,4%), doenças do aparelho circulatório (19,6%), causas externas (15,4%), doenças infecciosas e parasitárias (12,4%) e moléstias endócrinas, nutricionais e do metabolismo (4,7%). Entre as infecciosas, a aids foi a principal, com 61,2%. A pesquisa revelou também que 40% das que morreram fumavam, 51% consumiam bebida alcoólica e 12% usavam drogas.

Nas doenças do aparelho circulatório, a pesquisa indicou que as proporções foram crescentes com aumento das idades. Moléstias cerebrovasculares predominaram em todas a regiões do País, correspondendo ao dobro das causas isquêmicas (referente à irrigação sangüínea).

Acidentes e violência

As neoplasias (tumores) foram as principais causas de mortes de mulheres nas capitais brasileiras, com 24,5%, concentrando-se nas idades de 40 anos a mais (60,2%). As variações foram significativas entre as Regiões Norte (48,7%) e Sul, com 70%. Também na Norte, houve maior mortalidade por câncer de útero em relação ao de mama. No Sudeste, esta última doença predominou, com 26,9%.

Acidentes e violência corresponderam a 15,4% dos óbitos. No Norte, 12%, e Centro-Oeste (18,9%). Em 57,3% das ocorrências, a mulher tinha menos de 30 anos. Nordeste e Sudeste destacaram-se neste tipo de óbito, e em todas as capitais o total ficou em 39,3%. Em 44,6% dos casos, as mortes ocorreram entre 15 e 24 anos.

O índice de mortes por acidentes de transporte ficou em 28,1%, destacando as Regiões Norte, Sul e Centro-Oeste. Entre os suicídios, o estudo mostrou que o mais praticado foi por ingestão de carbonatos, presentes em venenos para ratos. A depressão, em muitos casos, esteve associada ao ato de tirar a própria vida.

Marcellus Janes Assessoria de Comunicação da FSP
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)