Saúde: Pesquisa da USP alerta para os riscos do excesso de exercício

Especialista alerta que a frase 'esporte é saúde' nem sempre é verdadeira

sex, 04/07/2003 - 10h56 | Do Portal do Governo

Da Agência USP de Notícias, por Pedro Biava


Uma pesquisa realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo (USP) pelo professor Reury Frank Bacurau mostrou que nem sempre a frase ‘esporte é saúde’ é verdadeira. Em alguns casos, o exercício feito de forma incorreta pode até mesmo ser prejudicial ao organismo, gerando lesões ou facilitando o aparecimento de doenças. Em seu doutorado, o professor trabalhou mais de três anos com ratos e procurou entender melhor o que acontece quando o organismo é submetido a diferentes esforços.

‘Por um lado existe uma suspeita de que uma atividade leve e moderada faça bem enquanto uma atividade física bastante intensa, próxima do limite, faça mal. Aquela frase ‘esporte é saúde’ nem sempre está certa’, afirma o fisiologista. Segundo ele, esses efeitos não estão relacionados apenas ao sistema imunológico. ‘Por ser importante para manter a condição da saúde da pessoa, resolvi investigar’, diz.

Os animais foram submetidos a esforços intensos e moderados e tiveram seu sistema imunológico examinado. ‘De forma geral o que se viu é que o animal treinado de forma moderada teve aumento e melhoria da imunidade, enquanto o que foi submetido a treinamento intenso mostrou redução nesse índice’.

Para reforçar essa idéia, foi injetado nos ratos um tumor específico. Sedentário, o animal com o tumor morre em cerca de 15 dias. ‘Percebemos que o rato que treinava de forma moderada teve uma sobrevida maior devido a melhoria do seu sistema imunológico’, relata o fisiologista. ‘O que foi submetido a treinamento intenso não apresentou uma melhoria de sobrevida devido à queda do sistema imunológico. Nesse caso houve até um combate ao tumor, porem ele também combateu o próprio organismo’, conta Frank.

A pessoa não atleta, de acordo com o fisiologista, tem queda de seu sistema imunológico quando faz exercício, mas tem tempo para se recuperar. Os atletas não têm esse tempo e, principalmente nos períodos mais intensos de treinamento, às vésperas de campeonatos, ficam muito susceptíveis a doenças.

Exercícios feitos com duração e intensidade erradas podem acarretar em lesões e doenças. ‘Para se ter benefícios na condição da saúde, ao contrário do que as pessoas pensam, pode-se fazer duas ou três vezes por semana atividades com ótimos resultados. Não é preciso seguir um parâmetro de um super atleta para ser saudável, pelo contrário, muitas vezes eles não são nem um pouco saudáveis’, alerta Frank.

O pesquisador faz uma ressalva: ‘Deve-se tomar alguns cuidados com esses resultados. Existem 200 tipos de câncer e o câncer animal não é exatamente igual ao humano. O uso de exercícios na oncologia é uma coisa nova e bastante falada hoje’. ‘O exercício seria preventivo e ajudaria na recuperação. Ele não vai substituir a terapia tradicional, mas ajudará tornando o indivíduo mais resistente’, completa.

Mais informações podem ser obtidas no telefone: (0XX11) 9255-0889

V.C.