Saúde: Palmilhas ortopédicas melhoram a qualidade de vida dos hemofílicos

Fisiatras constataram que grande número de hemofílicos apresenta sangramento nos tornozelos

qui, 15/05/2003 - 10h29 | Do Portal do Governo

O Brasil tem cerca de 7,5 mil casos de hemofilia, doença que se manifesta por maior susceptibilidade a sangramentos, causados aos menores traumas, e às vezes até sem nenhum traumatismo perceptível.
Os médicos fisiatras da Divisão de Medicina de Reabilitação (DMR) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), Donaldo Jorge Filho, Claudete Lourenço e Linamara Rizzo Battistella, observaram que era grande o número de pacientes que procuravam o Ambulatório de Reabilitação de Hemofílicos da Unidade, com sangramentos na articulação do tornozelo.

‘As pesquisas levaram à conclusão de que aproximadamente 33% dos hemofílicos, apresentavam esse tipo de problema’, explica o Dr. Donaldo.

Exames físicos, radiológicos e podobarométricos constataram que os sangramentos eram causados pela instabilidade articular nos chamados ‘pés tortos’. Os resultados dos testes levaram os especialistas à elaboração de palmilhas ortopédicas e/ou prescrição de órteses para a estabilização dos tornozelos. “Essa solução simples trouxe resultados surpreendentes, tanto do ponto de vista econômico quanto da qualidade de vida dos pacientes”.

Quando o sangramento ocorre de modo repetitivo na mesma articulação, provoca o seu desgaste e degeneração. Em decorrência disso, aumenta a probabilidade de instalação de vários graus de limitação e até incapacidades funcionais do paciente, conhecidas por artropatia hemofílica.

Menos infusão, menos custo

Além disso, as freqüentes infusões de fatores da coagulação sangüínea requeridas pelos hemofílicos para conter as hemorragias articulares, embora necessárias, têm custos elevados (aproximadamente 40 centavos de dólar por unidade). Levando-se em conta que a média de fatores de coagulação transfundidos aos pacientes em cada episódio hemorrágico no tornozelo é de cerca de 2.250 unidades, pode-se dizer que, a cada episódio de hemartrose, o SUS gasta uma média de US$ 900.

A maior parte dos 48 hemofílicos com hemartroses espontâneas nos tornozelos, submetidos ao estudo na DMR, necessitava de duas a três infusões por mês. Com isso o custo anual desses pacientes variava de US$ 21.600 a US$ 32.400.

Segundo Dr. Donaldo, um par das palmilhas utilizadas custa para o SUS, cerca de R$ 50 e dura pelo menos um ano. ‘Apesar da enorme economia, o que é mais importante é a melhora na qualidade de vida dos pacientes. Além de diminuir os sintomas de dor, ainda são preservadas as articulações e a liberdade de movimento. Um desses pacientes consegue hoje praticar handebol sem apresentar sinais de hemartroses nos tornozelos”, conclui o médico.

Com o estudo preliminar desse trabalho, o médico recebeu o Prêmio Daniel Rodarte para Profissionais de Saúde, criado e atribuído bienalmente pelo Instituto de Pesquisas Hematológicas Hospital Domingos Aldemar Boldrini, a pesquisas que contribuam para a melhoria da qualidade de vida dos hemofílicos. Esse instituto é uma das mais respeitadas organizações hospitalares dedicadas ao tratamento das doenças do sangue em crianças e referência internacional na especialidade.

Foi o primeiro prêmio obtido com uma pesquisa na Divisão de Medicina de Reabilitação, que, poderá, também, ganhar o Prêmio Internacional Aventis Behring para Propostas sobre Qualidade de Vida em Hemofilia e Doença de von Willebrand. Essa premiação representaria um reforço de US$ 15 mil no caixa da DMR para aplicação no setor de atendimento aos hemofílicos.

SERVIÇO
Divisão de Medicina de Reabilitação do HC
Rua Diderot, 43 (altura do nº 3.833 da Rua Vergueiro)
Vila Mariana – São Paulo
Telefone(11) 5549-0111
www.hcnet.usp.br/haux/dmr

Andréa Barros
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)