Saúde: Oferta de córneas no HC de Ribeirão Preto faz desaparecer espera por transplante

Banco de Olhos funciona 24 horas por dia

ter, 16/09/2003 - 10h01 | Do Portal do Governo

Além de dispor de índices de doação de órgãos superiores ao da média do País, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto vem conseguindo resultados expressivos na procura específica de córneas, com o trabalho da equipe do Banco de Olhos.

O que o diferencia dos demais Bancos de Olhos é que devido à sua eficiência, não existe mais fila de transplante na região. “O nosso segredo é ir atrás de doadores. Na hora do óbito, a família não se lembra de doar nada, por isso nós vamos até ela solicitar a doação. Aqui, 99% das córneas que recebemos vieram de famílias que nós procuramos, e em apenas 1% dos casos, a família é quem nos procurou”, explica o coordenador do Banco, Alexandre Silva Roque.

O Banco funciona 24 horas por dia. Os técnicos em banco de olhos se revezam e têm o respaldo de um oftamologista. Além disso, alguns voluntários, como funcionários de funerárias, do IML (Instituto Médico Legal) e grupos de enfermagem, avisam quando sabem de um potencial doador. “Alguns deles até foram treinados por nós para poder abordar a família e solicitar a doação. Assim além de nos avisar, eles nos ajudam a mostrar para a família, a importância da doação”, diz Alexandre.

Descentralização das filas

Por determinação da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, desde abril de 2000 o controle sobre a doação e distribuição de órgãos está a cargo da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos(CNCDO). O CNCDO1 atende à capital e região metropolitana, enquanto o CNCDO2 atende ao interior.

No caso do transplante de córneas, a capital é dividida em quatro regiões e o interior em seis (Sorocaba, Campinas, São José do Rio Preto, Marília, Botucatu e Ribeirão Preto). “Cada uma dessas regiões atende ao seu entorno e tem a sua fila única de espera para transplante de córnea”.

Na região de Ribeirão Preto, que engloba 89 municípios, o número de doações de córneas é maior que o número de pessoas na fila do transplante. O tempo de espera para o transplante é de apenas uma semana. Em outras regiões do interior chega a um ano e meio e, na capital, a três anos.

O coordenador do Banco ressalta que as córneas que sobram em Ribeirão Preto são distribuídas igualmente entre as outras regiões. “Em média são 70 por mês. A polícia rodoviária é quem faz o transporte, quando as córneas são solicitadas em qualquer outro local do Estado.”

O transplante

Hoje o Banco de Olhos de Ribeirão Preto recebe em média 115 doações por mês. Isso significa 230 córneas para 230 pessoas contempladas pelo transplante. “Mesmo que a pessoa precise de transplante das duas córneas, primeiro ela transplanta uma delas, espera o tempo de recuperação, cerca de um ano, e depois entra novamente na fila para o transplante da segunda córnea”.

O transplante só é feito quando a cegueira acontecer devido a problemas na córnea. “No caso, por exemplo, de descolamento da retina, não fazemos o procedimento porque não vai resolver o caso”, explica.

A recuperação do transplante é de quatro meses. Em um ano o paciente já está com a visão estabelecida.

Um dos problemas mais comuns na córnea é a ceratocone. Trata-se de uma doença evolutiva que começa a se desenvolver nos jovens, geralmente por volta de 13 anos, com diminuição gradual da visão. Quando chega aos 18, o paciente precisa estar usando óculos de 15 graus. “No extremo é que se faz o transplante, geralmente entre 23 e 30 anos de idade.

Outra doença é a ceratite boliosa que afeta geralmente idosos, e pode ser causada pela cirurgia de catarata ou pela descompensação natural da córnea. É também um problema que pode ser resolvido com o transplante.

Andréa Barros
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)