Saúde: Novo tipo de filtro para tratamento da trombose é produzido na Unesp

Projeto encontra-se na Comissão de Ética e Pesquisa do Hospital das Clínicas para análise

qua, 05/02/2003 - 9h11 | Do Portal do Governo

O professor de cirurgia vascular da Faculdade de Medicina da Unesp, câmpus de Botucatu, médico Winston Yoshida, obteve patente de novo filtro a ser utilizado no tratamento das tromboses. O aparelho, que ainda não foi testado em seres humanos, deverá custar bem menos que os filtros importados, que custam aproximadamente 7,5 mil reais.

No momento, o projeto encontra-se na Comissão de Ética e Pesquisa do Hospital das Clínicas para análise. Caso seja aprovado, será enviado à Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep). Se autorizado, o médico pretende solicitar recursos junto a instituições de pesquisas para produzir mais filtros e realizar os testes em seres humanos.

A prevenção e tratamento da trombose venosa profunda (TVP) geralmente são feitos com o uso de medicamentos que impedem a coagulação do sangue. ‘Nos casos de pacientes em que a utilização de anticoagulantes é contra-indicado, filtros importados são introduzidos na veia cava inferior para evitar que os coágulos alcancem os pulmões e o coração’, explica o médico.

Segundo pesquisas, o filtro mais comumente usado no mercado (importado) pode eventualmente mostrar-se instável. Ou seja, pode ficar inclinado em relação ao eixo da veia cava, perde a eficiência para impedir que o coágulo chegue aos pulmões e favorece até a possível perfuração da veia.

Vantagens do filtro

Com o objetivo de evitar esse desalinhamento, Yoshida realizou pesquisas financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, no laboratório de Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina de Botucatu, durante dois anos.

O estudo baseou-se na introdução de filtros em 14 carneiros: sete tiveram implantação do filtro original e os outros, o filtro-teste.
O médico concluiu que o aparelho testado apresentava as mesmas características tradicionais do original: não causou reações adversas ao organismo, mostrou-se resistente à corrosão e não apresentou fadiga de material.

“A vantagem é a tendência de menos freqüência de inclinação no eixo da veia cava inferior, se compararmos com o filtro mais usado no mercado. Isso deve-se ao fato de que o novo modelo é feito com prolongamento das hastes de aço inox, o que favorece a fixação das paredes dos vasos”, explica.

Fatores de risco da trombose

– Pessoas com mais de 40 anos
– Portadores de câncer
– Infecções generalizadas
– Cardiopatias (insuficiência cardíaca)
– Gestantes em puerpério (período do pós-parto)
– Pacientes submetidos a quimioterapia e que sofreram cirurgia de risco
– Pessoas imobilizadas (sofreram cirurgia ou paralisia, viagens longas)
– Fumantes
– Pessoas que ficam muito tempo sem movimentar as pernas
– Pessoas obesas
– Mulheres que usam anticoncepcionais e/ou fazem terapia de reposição hormonal

Como ocorre a doença

A TVP ocorre quando os coágulos de sangue se desprendem das veias das pernas e percorrem os vasos, podendo alcançar o coração e os pulmões, ocasionando embolia pulmonar (EP). Entre os sintomas estão inchaço da coxa, perna, tornozelo ou pé, seguido de dor. Quando não é detectada na fase aguda, pode haver morte do paciente por embolia pulmonar (EP). O médico estima freqüência da trombose em 0,6 caso por 1.000 habitantes/ano no Brasil.

Viviane Santos
Da Agência Imprensa Oficial