Saúde: Nova técnica permite a cirurgia de bebês prematuros com cardiopatia congênita

Técnica foi criada por médicos do Serviço de Cardiologia Pediátrica do HC da USP de Ribeirão Preto

qua, 23/06/2004 - 9h39 | Do Portal do Governo

Médicos do Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto criaram uma nova técnica para operar bebês prematuros com cardiopatia congênita. A doença, conhecida como Persistência do Canal Arterial, provoca o lançamento de sangue no pulmão, com riscos de infecção pulmonar e de prejuízo ao desenvolvimento da criança.

Desenvolvido pela equipe do professor Walter de Andrade Vicente, o novo método cirúrgico permite o acesso ao canal arterial pelas costas da criança, com uma incisão de, no máximo, dois centímetros. Nas técnicas tradicionais, o acesso ao coração era feito por meio de uma incisão do lado do peito da criança recém-nascida. Esse procedimento deixava uma cicatriz que pode deformar definitivamente a mama, provocando seqüela, que no caso de crianças do sexo feminino, no futuro, tornava-se significativa.

Pela nova técnica, o afastamento dos órgãos, para localizar o canal arterial, é feito com cotonetes. Com o uso de clip metálico, o canal é definitivamente fechado. Em alguns casos, a operação pode ser concluída em menos de dez minutos. Por esse método já foram operadas, com sucesso, 106 crianças. “Trata-se de uma operação simples, mas delicada e relevante para os cardiopatas que dela necessitem. Nós a chamamos, carinhosamente, de operação do cotonete”, explica o professor Walter.

Centro de referência no interior

Hoje, o HC de Ribeirão é responsável por quatro de cada dez cirurgias desse tipo realizadas na cidade. Com menos de cinco anos de atividades, a equipe já operou cerca de 700 crianças. O Serviço de Cardiologia Pediátrica do hospital foi reconhecido pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) como centro de referência no interior.

No ano passado, 182 bebês foram operados, e mais da metade recém-nascida. De acordo com a entidade, no Estado de São Paulo nascem todos os anos mais de 5 mil crianças com cardiopatias congênitas. A Susesp decidiu investir e apoiar a capacitação de profissionais para atendê-las também fora da capital, onde a demanda tem crescido nos serviços especializados.

Da Agência Usp de Notícias
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)