Saúde: Mortalidade infantil cai no Estado de São Paulo

Programas de saúde e de saneamento básico evitam mortes de 10 mil crianças por ano

ter, 16/04/2002 - 10h24 | Do Portal do Governo

Pesquisa recente da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) revela que a mortalidade infantil atingiu, no Estado de São Paulo, em 2001, o menor nível já registrado desde 1991: 15,8 óbitos de menores de 1 ano por mil nascidos vivos. De 1994 até 2001 houve uma queda significativa de 37,3%.

O secretário da Saúde do Governo do Estado de São Paulo, José da Silva Guedes, explica a razão dessa boa notícia: “Estamos investindo mais em programas que visam aos fatores ambientais e de saneamento básico.” Por isso, na opinião dele, “o resultado é excelente, pois são 5% de queda ao ano, em números absolutos”.
Segundo o secretário, “o índice geralmente diminui, de forma mais rápida, com medidas coletivas como o fornecimento de água de boa qualidade ou terapias de reidratação oral ou o estímulo ao aleitamento materno’.

Ele destaca ainda que, dos 645 municípios do Estado, 73 registram mortalidade infantil abaixo de 10%. Em alguns municípios o índice ainda não caiu. Com a descentralização do Sistema Unificado de Saúde (SUS), começou a baixar o número de óbitos.

Comitês estudam as causas da mortalidade

‘Esses óbitos não podem ser tratados como mera estatística. Se a taxa é menor, é possível investigar cada caso individualmente, principalmente porque hoje estamos vivendo uma fase em que a mortalidade infantil é muito difícil de ser reduzida. Para isso, é preciso fazer muito investimento em assistência médica’, ressalta o secretário.

A Secretaria da Saúde informou também que municípios e regiões estaduais estão constituindo comitês técnicos formados por médicos, enfermeiros, sanitaristas e funcionários dos cartórios para investigar e discutir as ocorrências e propostas para possíveis soluções e estudar o perfil de mortalidade local.

‘A cada ano deixam de morrer 10 mil crianças. Hoje a média de mortalidade infantil em São Paulo é de 15,8 óbitos por mil”, destaca. E acrescenta: “Temos 310 municípios onde o índice é ainda menor do que esse e 73 municípios têm índice abaixo de 10 óbitos por mil.”
“Essa queda tem tudo a ver com a ação dos comitês de trabalho que pusemos à disposição dos municípios, para investigar os óbitos’, esclarece o secretário.

Causas sociais e ambientais sob controle

Nova queda é esperada a cada ano, segundo Guedes, porque as causas sociais e ambientais já estão sob controle. Ele explica que as crianças que antes morriam hoje são salvas porque a medicina evoluiu e os profissionais da área médica estão mais bem preparados e dispõem de mais recursos. Além disso, algumas doenças desapareceram.

Para o secretário da Saúde, “se em 1994 a taxa de mortalidade infantil em todo o Estado era de 25,3 – sendo o componente neonatal responsável por 63% do total –, a de 2000 foi 32% menor e até o fim de 2002, se o valor permanecer em 15,8, a redução será de 37,3%’.
Na década de 70, a taxa de mortalidade infantil era superior a 80. Em números absolutos, morriam anualmente 50 mil crianças menores de 1 ano. Entre as principais causas de mortalidade infantil, na época, estavam as doenças infecciosas, como a diarréia e a desidratação. O maior componente da taxa de mortalidade era o pós-neonatal, que são os óbitos das crianças de 28 dias até 1 ano de vida. Atualmente, as principais causas de mortalidade passaram a ser doenças perinatais e congênitas, ou seja, crianças que nascem com baixo peso ou sofrem infecções pulmonares ao nascer.

Principais causas estão identificadas

No primeiro semestre de 2001, o Estado de São Paulo registrou 5.349 óbitos de menores de 1 ano. As principais causas foram afecções do período perinatal (58% dos óbitos), seguidas das malformações congênitas e anomalias cromossômicas (17,8%). Em terceiro lugar, vieram as doenças do aparelho respiratório (8% dos óbitos) e, em quarto, as doenças infecciosas (5,6 ou 302 óbitos, destes apenas 119 foram casos de diarréia e gastroenterites).

‘Essa diminuição costuma ser gradativamente mais lenta e difícil, pois depende da estruturação da assistência médica, da existência de uma rede de maternidades, berçários e unidades de terapia intensiva, pediátricas e neonatais, com atendimento de qualidade, o que, além de exigir pessoal tecnicamente habilitado, também faz uso da moderna tecnologia, que a torna mais custosa e exigente. Mesmo assim, temos conseguido resultados expressivos no Estado nos últimos anos’, finalizou o secretário.

Márcia Bitencourt

Da Agência Imprensa Oficial do Estado