Saúde: Método mãe-canguru aumenta chance de sobrevida de bebês prematuros

Hospital Geral de Itapecerica da Serra é um dos sete centros nacionais de referência na área

ter, 12/08/2003 - 9h35 | Do Portal do Governo

A natureza tem sempre o que ensinar. Assim surgiu a idéia do método mãe-canguru para cuidar de bebês prematuros. Desenvolvido na Colômbia, na década de 70, a técnica está baseada na gestação do canguru, que nasce prematuramente e termina de se formar num bolsão na barriga da mãe.

Diferente da sua origem, onde começou a ser utilizado por falta de equipamentos e recursos financeiros, no Brasil, o Ministério da Saúde reconheceu o método como eficaz para recém-nascidos de baixo peso, adotou-o como política pública e foram criados sete centros de referência para disseminá-lo.

De acordo com pesquisas, o contato com a pele aumenta as chances de sobrevida do bebê. Resulta também em maior incidência do aleitamento materno, evitando as infeções, muito freqüentes nos prematuros. No Brasil, a mortalidade infantil é de 29,6 por mil nascidos vivos. Aproximadamente 65% deles morrem no primeiro mês.

Contato importante

No método canguru, a pele do bebê fica em contato direto com a pele da mãe ou de quem faz o papel de canguru. Uma tira larga de tecido envolve o corpo do dois, prendendo um ao outro. O calor do corpo da mãe é melhor do que a temperatura da incubadora, pois oferece menos variações do que os mais modernos equipamentos.

Segundo a chefe do Departamento de Pediatria do Hospital Geral de Itapecerica da Serra (HGIS), Norma Araújo, esse contato direto com a mãe estimula um vínculo afetivo, promovendo o desenvolvimento neurológico e psicológico. “O bebê se desenvolve muito mais rápido e fica muito mais esperto”, explica.

O HGIS, que atende aos municípios de Itapecerica da Serra, Embu Guaçu, São Lourenço e Juquitiba, está entre os sete centros nacionais de referência. Desde quando foi inaugurado em 3 de março de 1999, o número de recém-nascidos que participaram do método mãe-canguru somam 580 crianças. “Só não fazemos canguru se a mãe não quiser ou tiver alguma patologia que a impeça de carregar o bebê”, diz Norma.

Método

O método é dividido em três etapas. A primeira é a UTI neonatal, para onde os bebês vão quando nascem. Para a Dra. Norma, diferente do que acontece em outros hospitais, onde os pais não podem entrar na UTI, no HGIS os pais têm acesso livre e os avós podem entrar em horários determinados.

Na UTI os recém-nascidos ficam pelo menos uma hora no colo da mãe “O bebê precisa do contato com a família para
sentir-se inserido nela desde que nasce. A presença dos parentes e principalmente o contato físico dão mais segurança ao prematuro”, explica a médica.

Quando os bebês estão estáveis, são encaminhados para a unidade de cuidados intermediários. Eles vão para um quarto, junto com as mães, que permanecem 24 horas no hospital. “Aqui elas se sentem em casa. São elas que cuidam do bebê. Amamentam, dão banho, trocam a roupa…”, diz a responsável técnica do Banco de Leite, Dra. Sandra Regina de Souza.

As assistentes sociais garantem uma rede de apoio para que a mãe possa ficar no hospital cuidando exclusivamente do bebê. “Vamos atrás de ajuda de vizinhos, avós, amigos e parentes que possam cuidar dos outros filhos, da casa, ou seja, tudo que permita à mãe ficar tranquila no hospital dedicando-se exclusivamente ao bebê”, explica Sandra.

No hospital elas têm toda a assistência de uma equipe multiprofissional, além de sala para receber visitas e jardim para banho de sol com o bebê.

Em média, cada mãe-canguru fica 18 horas por dia com o bebê. Elas só os colocam no berço para tomar banho e descansar. Até para comer levam o bebê. “Essa parte eu acho a mais interessante. Quando eu entro no refeitório para almoçar, e vejo as mães-cangurus comendo com o bebê, sinto-me emocionada”, comenta Sandra.

Hora de ir para casa

A última fase é a ambulatorial. Quando atingem aproximadamente 1,7 quilo é hora de ir para casa. Até completarem dois quilos eles retornam para consulta a cada dois dias. Até chegarem aos três quilos, voltam uma vez por semana. Segundo a Dra. Sandra, não existe uma regra rígida. Tudo depende da estabilidade física do bebê. Alguns ficam no hospital por uma semana, outros um mês. “Cada caso tem seu tratamento específico. O peso não é o fator principal, e sim a estabilidade física e psicológica do bebê.”

Depois de sair do hospital, a mãe continua usando o método em casa até receber alta. A experiência do HGIS mostra que 98% das mães aceitam o método quando indicado. “É claro que temos que mostrar todos os benefícios para animá-las. Não é fácil, mas vale muito a pena”, finaliza Sandra.

SERVIÇO
Hospital Geral de Itapecerica da Serra
Av. Guaci Fernandes Domingues, 200
Embu Mirim – Itapecerica da Serra
Tel. 4666-6066

Andréa Barros
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)