Saúde: Menopausa predispõe a mulher a doenças do coração

Deficiência hormonal provoca mudanças que se instalam a curto, médio e longo prazos

qui, 06/03/2003 - 11h24 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial


Com o aumento da expectativa de vida, o coração da mulher requer atenção redobrada. Após a menopausa, aumentam os riscos de doenças cardiovasculares, que hoje respondem por cerca de 35% das causas das mortes femininas no Brasil.

O episódio da última menstruação geralmente ocorre por volta dos 50 anos no climatério, fase de transição do período reprodutivo para o não-reprodutivo. Nesse período, os ovários reduzem a produção de hormônios – basicamente estrogênio e progesterona.

A deficiência hormonal provoca mudanças que se instalam a curto, médio e longo prazos no organismo da mulher. A curto prazo, os sintomas mais comuns são ondas de calor, insônia, irritabilidade e depressão. No médio prazo, a pele enruga-se com mais facilidade, a vagina fica mais seca, aumentam as infecções urinárias e pode aumentar a perda de urina aos esforços. Porém, são as repercussões a longo prazo as que mais preocupam. São doenças que, na maioria das vezes, se instalam de maneira silenciosa. Destacam-se a osteoporose, os distúrbios cognitivos (como doença de Alzheimer) e as doenças cardiovasculares.

“A doença é muito menos freqüente nas mulheres antes dos 50 anos, quando predomina quase exclusivamente nos homens – 6 homens para
cada mulher”, informa o dr. Cesar Eduardo Fernandes, diretor-técnico do Hospital Pérola Byington, de São Paulo.

Diversos fatores de risco podem aumentar as chances de um evento cardíaco nessas pacientes. Eles podem ser divididos em modificáveis e não-modificáveis. Dentre os modificáveis, salientam-se: sexo (até a mulher atingir a menopausa, as doenças cardiovasculares são muito mais freqüentes nos homens); idade (após os 50/55 anos, a prevalência aumenta progressivamente nas mulheres); e hereditariedade.

Diagnóstico criterioso

Os principais fatores considerados modificáveis são: excesso de colesterol, hipertensão arterial, diabetes, obesidade, sedentarismo, estresse e o cigarro, que além dos efeitos nocivos à saúde, antecipa a menopausa em 2 ou 3 anos.

As doenças que mais freqüentemente afetam o coração da mulher são o infarto do miocárdio e a angina. Os principais sintomas da angina são a sensação de opressão no peito quando se faz algum esforço, ou quando a pessoa passa por uma situação de ansiedade ou tensão. Já no infarto a dor é mais intensa e mais prolongada, e pode estar associada a outros sintomas como falta de ar, palpitações, sudorese, náuseas e vômitos.

A evolução de um infarto varia de paciente para paciente. Os tipos de seqüelas e complicações dependem do local e do tamanho da lesão ocorrida no coração. As mais freqüentes são insuficiência cardíaca e arritmias. Muitas mulheres não têm seqüela alguma.

O processo diagnóstico deve ser criterioso. É fundamental que o tratamento seja iniciado o mais rapidamente possível. O tratamento do infarto pode ser feito com medicamentos, angioplastia e cirurgia. Outra abordagem importante é a reabilitação cardíaca, com equipe multidisciplinar.

Para o diretor-técnico do Hospital Pérola Byington, a mulher na menopausa tende para a obesidade, e esse é um fator de risco para as doenças cardiovasculares. “É importante que as mulheres, ao entrarem na menopausa, mudem seus hábitos de vida, o que contribuirá para a redução dos riscos”.

(AM)