Saúde: Laboratório móvel é utilizado para pesquisa da hantavirose

Doença transmitida por ratos silvestres mata seis de cada dez pessoas contaminadas

seg, 04/08/2003 - 10h32 | Do Portal do Governo

O Núcleo de Virologia do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) adquiriu uma unidade móvel, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para pesquisas em hantavirose. A doença transmitida por ratos silvestres vem apresentando um índice de crescimento elevado para um tipo de vírus do qual pouco se sabe.

O trailer-laboratório e a caminhonete, avaliados em 110 mil reais, fizeram sua primeira viagem no dia 6 de junho até São Gotardo, Minas Gerais, a 480 quilômetros de Ribeirão Preto, para a captura dos roedores.

Neste ano, na região, foram confirmados três casos de hantavirose, dois deles fatais. A unidade móvel possui uma série de equipamentos que facilitarão a manipulação do sangue e das vísceras dos roedores, ainda in loco, e com segurança. O objetivo da equipe é, além de avançar no conhecimento clínico dos sintomas e formas de tratamento, chegar a vacina contra a hantavirose.

Agilidade e segurança

Segundo o professor Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, responsável pelas pesquisas com hantavirose, o trailer e o carro possibilitam viagens longas para pesquisa no campo, torna a equipe mais ágil, por poder desengatar o trailer e alcançar lugares de difícil acesso com a caminhonete. Ainda torna o trabalho mais seguro, sem nenhuma possibilidade de contágio, já que se trata de um laboratório com nível de segurança alto, necessário para manipular animais suspeitos de contaminação com o vírus da hantavirose, extremamente letal e de fácil contágio.

A unidade móvel poderá também, futuramente, ser utilizada em outras áreas. “Equipada adequadamente, por exemplo, podemos nos deslocar e analisar no local amostras de sangue para suspeitas de dengue hemorrágica ou febre amarela e obter o resultado no mesmo instante. O laboratório poderá ainda ser útil em outras pesquisas”, diz Luiz Tadeu.

Sintomas

Os sintomas iniciais da são dores musculares e febre, seguidos de dores de cabeça, tosse, náusea e vômito, diarréia e dor abdominal. De quatro a 10 dias da fase inicial da doença, os sintomas tardios aparecem. Estes incluem tosse seca e falta de ar. Se não for atendido, o paciente evolui para insuficiência respiratória aguda e choque circulatório.

O período de incubação é de 14 dias, em média, com variação de quatro a 42 dias. Se houver suspeita de hantavirose, o paciente deverá ser encaminhado rapidamente ao hospital.

Transmissão

A transmissão para o ser humano ocorre geralmente pela inalação de poeiras (aerosóis) contaminadas com fezes, urina e saliva dos ratos silvestres infectados; contato das fezes, saliva e urina de ratos silvestres com ferimentos na pele, olhos, nariz, e boca podem provocar a entrada do vírus no organismo humano. Mordida de roedor silvestre também pode transmitir o vírus; eventualmente, por meio da água e alimentos contaminados com as excreções dos roedores silvestres.

Estatísticas da doença

No Brasil foram registrados, desde 1993, mais de 200 casos de hantavirose em diversos Estados, sendo mais acentuado em regiões de agronegócios. Na região de Ribeirão Preto foram confirmados 23 casos.

Seis de cada dez pessoas contaminadas morreram. Suspeita-se que, por ser uma doença emergente e de sintomas semelhantes aos de outras enfermidades, muitas vezes os doentes não são identificados e notificados de fato.

Andréa Barros
Da Agência Imprensa Oficial