Saúde: Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas é referência em diversos serviços

Entidade está entre os principais centros de pesquisa do Brasil

qui, 11/09/2003 - 10h06 | Do Portal do Governo

O Pronto-Socorro do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas (HC) atendeu a mais de 55 mil pessoas em 2002. Como centro de referência, vem utilizando novas técnicas que trazem grande impacto socioeconômico minimizando as seqüelas dos traumas graves e reduzindo o tempo de internação hospitalar. Um dos destaques, entre essas novas técnicas, é a microcirurgia reconstrutiva que permite a reconstituição dos membros.

Segundo o microcirurgião do IOT, Dr. Teng Wei, a microcirurgia tem múltiplas utilizações. As primeiras, realizadas no final da década de 60, permitiram o reimplante de partes amputadas, principalmente partes pequenas, como os dedos. “Isso acontece com grande freqüência com trabalhadores de indústrias e marcenarias, pois suas mãos ficam muito expostas às máquinas”, explica o médico.

Às vezes técnicas ortopédicas convencionais resolvem na reconstrução, não necessitando recorrer ao reimplante. Mesmo quando a parte amputada não for reimplantada, poderá servir como fonte de enxerto de tecidos. “Por isso, é muito importante que a pessoa tome os cuidados necessários e procure o hospital o mais rápido possível. A equipe de microcirurgiões fica de plantão 24 horas por dia e está preparada para receber qualquer tipo de emergência”.

Saiba o que fazer em caso de emergência

Quando ocorrer uma amputação acidental faça o seguinte:
– Lave com água corrente a parte amputada
– Coloque num saco ou recipiente, de preferência esterilizado, contendo soro fisiológico
– Acondicione esse pacote num recipiente maior contendo gelo (saco plástico geladeira de isopor ou similar) mantendo a temperatura baixa
– Lave com água corrente a parte próxima (coto) e faça um curativo compressivo ( sem apertar muito)
– Não demore a levar a vítima para o hospital. O membro pode permanecer de 6 a 24 horas sem circulação sangüínea, desde que mantido a baixa temperatura.
– Mantenha o paciente em jejum até a chegada ao hospital, e avise a equipe cirúrgica com antecedência.

Oficina Ortopédica presta 500 atendimentos mensais

A Oficina Ortopédica do IOT confecciona desde próteses e órteses, coletes e botas ortopédicas até aparelhos de locomoção, como bengalas e cadeiras de rodas. (Prótese é um aparelho que substitui o membro inferior ou superior. Órtese é um aparelho de correção do membro e de apoio para o paciente).

Qualquer pessoa (mesmo as que não são pacientes do IOT) pode ser atendida pela oficina. Segundo Antônio Carlos Ambrósio, diretor de Divisão de Prótese e Órtese do instituto, “basta o paciente trazer a receita médica que nós confeccionamos o aparelho de que ele necessita”.

O serviço é rápido. No caso de uma prótese, após 8 dias ela é entregue. “Depois o paciente deve ir para sessões de reabilitação e receber acompanhamento médico e da fisioterapeuta, para se adaptar ao aparelho.”

A oficina faz cerca de 500 atendimentos mensais. Nos últimos 19 dias, foram confeccionados 84 aparelhos. Ambrósio conta que no auge da ocorrência de poliomielite, eram feitas 90 órteses mensais. Hoje ficam entre 4 a 5 órteses e 9 próteses por mês. “Também produzimos instrumental cirúrgico, como formões, afastadores, chaves, curetas, para atender às necessidades do próprio IOT”, explica.

Banco de Tecidos fornece material ósseo para cirurgias

Os órgãos utilizados para transplantes são retirados de pessoas com morte cerebral, após autorização dos familiares. A Organização de Procura de Órgãos (OPO), coordenada pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, é responsável pela localização e identificação de potenciais doadores em unidades de saúde no seu território e mantém contato com as famílias. Mesmo quando a pessoa declarou em vida ser doadora, a decisão final fica a cargo dos parentes, que também deliberam sobre quais órgãos serão cedidos.

Os familiares temem que a doação de tecidos (que inclui pele, ossos e ligamentos) deforme o doador e por essa razão costumam se opor. “Esse é o nosso principal problema, a falta de doadores. Os familiares não precisam se preocupar quanto à aparência, pois as próteses garantem a reconstituição”, diz o responsável pelo banco, Dr. Alberto Tesconi.

As cirurgias

Os enxertos no quadril e no joelho, e as reposições de ossos atingidos por tumores, são as operações que mais recorrem ao Banco de Tecidos. “O uso prolongado da prótese desgasta o osso e faz com que não se consiga readaptar outra peça, por isso temos que fazer um enxerto para uma perfeita adaptação”, explica o Dr. Tesconi. “No caso de tumor, o paciente não poderá usar prótese. Assim que o tumor é identificado, ele é encaminhado para uma quimioterapia intensiva de aproximadamente quatro meses, seguida de imediata cirurgia para implantar o osso.”

No ano passado, o banco forneceu tecido ósseo para 58 cirurgias nas quais o enxerto ósseo era necessário para tornar possível o procedimento cirúrgico. “Como o IOT é um centro de referência, chegam aqui pacientes de alta complexidade. O suporte do banco é imprescindível”, completa.

Também serve de campo de ensino para o curso de graduação, onde são ministradas técnicas de obtenção de tecidos, sua conservação e congelamento. O curso de pós-graduação (lato senso) possibilita o aprendizado prático dessas metodologias (residência médica). Com relação ao curso de pós-graduação (estrito senso), o Banco de Tecidos forma pesquisadores e multiplica sua difusão perante a comunidade científica, bem como suas relações internacionais.

Centro integrado evita a fragmentação do atendimento

O Centro de Atendimento ao Traumatizado Raquimedular, Cenatra, do IOT, é responsável pelo atendimento integral das pessoas que sofrem lesão medular. Como os demais do instituto, tem sido centro de referência no Estado de São Paulo devido à qualidade e competência do trabalho realizado. Com uma equipe multidisciplinar especializada, vem concentrando esforços em pesquisas de ponta que buscam a regeneração da lesão medular.

Segundo o professor titular do departamento de Ortopedia e Traumatologia, Dr. Tarcísio Barros, as pessoas que sofrem uma lesão medular precisam de muitos profissionais para o seu atendimento, entre eles ortopedista, clínico, cirurgião plástico e terapeuta. O Cenatra funciona como um centro integrado com o objetivo de evitar a fragmentação do atendimento. Ou seja, todos os profissionais estão reunidos no mesmo espaço para oferecer assistência integral, dentro do conceito mais aceito universalmente.

Além do atendimento, propriamente dito, e da reintegração do paciente na família e na comunidade, o Cenatra desenvolve campanhas para prevenção de acidentes. “Prevenir é o melhor caminho, por isso temos dado muita importância às campanhas”, explica o professor.

Andréa Barros
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)