Saúde: Índias poderão dar à luz em hospitais sem ferir tradições

Secretaria de Estado da Saúde cria resolução para respeitar costumes indígenas

ter, 20/01/2004 - 10h22 | Do Portal do Governo

A Secretaria de Estado da Saúde indicou nesta terça-feira, 20 de janeiro, seis hospitais públicos do Estado como referência para parto tradicional de índias guaranis. A resolução sobre o tema foi publicada no Diário Oficial do Estado.

Os hospitais Santa Casa de Misericórdia de Ubatuba, Hospital Regional do Vale do Ribeira, Hospital São João de Registro, Hospital Municipal de Juquiá, Hospital Geral de Pedreira e Santa Casa Coração de Jesus de São Sebastião deverão respeitar a dieta das índias, retirando dos pratos, até 40 dias após o parto, carne bovina e suína, feijão, peixe, ovo, leite, sal, açúcar e frutas. No lugar destas opções precisam entrar frango novo, arroz, mingau e milho.

As unidades de saúde foram escolhidas de acordo com a localização, próximas a tribos guaranis. Outra atitude dos hospitais será a entrega da placenta, devidamente acondicionada em saco branco leitoso, à parturiente. O Estado de São Paulo tem cerca de 15 aldeias guaranis onde vivem cerca de 2 mil pessoas. A tradição do povo Guarani diz que a placenta deve ser enterrada na aldeia após o parto, ou guardada junto aos pertences mais importantes da aldeia.

‘Os índios acreditam que o ritual de enterro da placenta interfere no ritmo de vida do recém-nascido. A Secretaria segue uma solicitação das tribos’, afirma a representante do Conselho Distrital de Saúde Indígena, da Secretaria de Estado da Saúde, Augusta Sato. ‘O atendimento hospitalar às gestantes deve melhorar a relação dos habitantes das aldeias com os profissionais de saúde, além de garantir segurança à gestante’.

Os partos em hospitais só serão realizados se for de interesse das gestantes e dos dirigentes das aldeias. A resolução também permite que as parteiras das aldeias acompanhem a gestante durante o parto. ‘Muitas vezes as índias não falam português, o que dificulta o entendimento. Por isso a presença das parteiras é permitida’, diz Augusta.

Da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Saúde

(LRK)