Saúde: Incor assina convênio para gestão do sistema cardiológico de Osasco

Programa Integração Incor coordenará hospitais secundários, unidades básicas de saúde, centros de diagnóstico e Programa Saúde da Família

seg, 02/05/2005 - 9h24 | Do Portal do Governo

O Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor-HCFMUSP) acaba de assinar, por meio de sua entidade de apoio, a Fundação Zerbini, termo de cooperação técnica com a Secretaria da Saúde da Prefeitura do Município de Osasco para gestão do sistema de atendimento cardiológico na cidade. Pelo acordo, o Instituto do Coração implantará programa de atendimento cardiológico na região, integrando um hospital central, duas policlínicas, 34 unidades básicas de saúde, centro de diagnóstico cardiológico básico e um laboratório de análises clínicas, para atender uma população de 680 mil pessoas residentes no município. O acordo prevê ainda a implantação e gerenciamento do Programa Saúde da Família, em Osasco, pela Fundação Zerbini, que administra programas semelhantes na cidade de São Paulo e no Distrito Federal. Para o Dr. José Antonio Ramires, presidente do Conselho Diretor do Incor, ‘o convênio é um passo importante para a efetiva operacionalização do SUS na cidade, garantindo serviços básicos de saúde em cardiologia de alto padrão à população’.

O Programa Integração Incor de Osasco será implantado em duas fases, até o final de 2005. A primeira etapa prevê a instalação, até julho deste ano, da unidade de atendimento cardiológico da Policlínica Zona Norte, atualmente em reforma. A unidade terá capacidade de atendimento mensal de duas mil consultas e de 1,2 mil exames de diagnóstico cardiológico básico – ecocardiograma, holter, mapeamento de pressão arterial, eletrocardiograma de repouso e de esforço. Ainda nessa etapa, entrará em funcionamento, também em julho, a unidade cardiológica do Hospital Antônio Giglio, que, além de diagnóstico básico (laboratorial e gráfico), terá 14 leitos de internação, sendo seis de terapia intensiva e oito de enfermaria.

A fase dois está definida pela implantação, entre outubro e novembro de 2005, da unidade cardiológica da Policlínica Sul, com ambulatório para 2 mil consultas por mês, uma UTI cardiológica com seis leitos e um pronto socorro cardiológico com capacidade de atendimento mensal de 1,5 mil pessoas. O Programa Integração Incor de Osasco terá suporte do Programa Saúde da Família, em 20 unidades a serem implantadas na região, e do próprio Incor, para atendimento de alta complexidade. Na área de diagnóstico, será atendido por um laboratório de análises clínicas regional, com controle de qualidade Incor e capacidade de realização de 80 mil exames por mês. Os exames serão recolhidos nas unidades e os resultados estarão disponíveis em sistema informatizado no prazo de 24 horas.

Dentro do modelo, o Instituto do Coração é responsável pela organização do sistema de atendimento, pelo controle dos dados epidemiológicos e de gerenciamento e pela capacitação profissional e atualização contínua dos médicos. A especificação, compra, manutenção e atualização dos equipamentos utilizados nas unidades, tanto as de internação, quanto as de consulta e de exames de diagnóstico, também têm assessoria do Instituto do Coração. O sistema informatizado que interligará todas as unidades, o SI3, já em operação no Incor de São Paulo, foi desenvolvido pelo Serviço de Informática do Instituto do Coração.

O SUS NA PRÁTICA

O Programa de Osasco tem como antecedente o Programa Integração Incor que funcionou em caráter pioneiro, de 1995 a 2004, no Núcleo Regional da Saúde 5 e Hospital Ipiranga, por meio de convênio com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. O programa envolvia 57 unidades ambulatoriais e quatro hospitais de São Paulo – Heliópolis, Ipiranga, Brigadeiro e Cândido Fontoura – que juntos são responsáveis pelo atendimento cardiológico de aproximadamente 7 mil pacientes/mês. A população dessa área chega a 2,5 milhões de pessoas.

O modelo ‘Integração Incor’ objetiva otimizar a capacidade instalada e os recursos materiais e humanos da rede pública de saúde (hospitais, atendimento ambulatorial e centros de saúde) e dos centros universitários na assistência, ensino e pesquisa em cardiologia, explica o Dr. Ramires.

Segundo o presidente do Incor, a base dessa integração está no próprio sistema preconizado pelo SUS de hierarquização com referência e contra-referência entre as instituições de saúde. Dentro dessa concepção, o atendimento ambulatorial e primário é realizado em postos de saúde e pronto-socorros, que contam na retaguarda com os hospitais secundários e terciários para casos de internação, exames de diagnóstico e tratamento mais complexos.

Na ponta do sistema, dando suporte aos outros níveis, está o hospital universitário, concentrando recursos humanos e materiais compatíveis com os procedimentos de alta complexidade, que, depois de realizados, liberam o paciente para acompanhamento nos hospitais e postos em sua região de origem.

Para o Dr. Demétrio Dauar, coordenador do Programa Integração Incor, a grande vantagem do sistema está na fixação do paciente em sua região de origem, com maior grau de resolução dos casos. Em sua visão, a integração garante não apenas o acesso, mas principalmente a integralidade do atendimento. ‘De acordo com a complexidade de sua patologia, o doente, principalmente o da periferia, pode ter acesso a todos os recursos necessários à resolução do seu problema, inclusive, pela garantia do acesso a centros de referência e excelência na especialidade’, diz Dauar.

INOVAÇAO DO SISTEMA

Para o dr. Ramires, a novidade do projeto está em operacionalizar de forma efetiva o sistema de hierarquização com referência e contra-referência, integrando diretamente os agentes envolvidos dentro de um contexto racional de assistência. Além disso, diz o presidente do Incor, as atividades de ensino e pesquisa integradas levarão alunos de pós-graduação, com alto nível de formação, a hospitais e postos de saúde da periferia e destes para centros de referência. O resultado, espera-se, será um atendimento de maior qualidade, amparado na formação de novos profissionais e no desenvolvimento de estudos dentro de um contexto de saúde pública mais consistente. ‘Um diagnóstico preciso na base do sistema é essencial para que o paciente seja encaminhado, e depois acompanhado ambulatorialmente, de acordo com a complexidade de seu caso’, explica Ramires.

Instituto do Coração – Incor-HC/FMSUP
Assessoria de Imprensa