Saúde: Hospital Guilherme Álvaro amplia atendimento público na Baixada Santista

Hospital reúne iniciativas pioneiras, como a importação do método mãe-canguru da Colômbia para o tratamento de crianças nascidas com baixo peso

ter, 06/01/2004 - 10h12 | Do Portal do Governo

Em seus 90 anos de história, o Hospital Guilherme Álvaro reúne iniciativas pioneiras, como a importação do método mãe-canguru da Colômbia para o tratamento de crianças nascidas com baixo peso e a adoção de um programa de aleitamento materno que é referência nacional e lhe rendeu o título de primeiro Hospital Amigo da Criança (atribuição dada pela Unicef às unidades que contribuem para a melhoria no atendimento materno-infantil).

A última década foi o período de maior avanço da instituição, seja pela ampliação de sua estrutura (com aumento do número de leitos de 120 para 265), de seu quadro de especialidades ou pela aquisição de equipamentos avançados.

Segundo o diretor-técnico, Dr. Alberto Bedulatti Cardoso, o estabelecimento de parcerias foi fundamental para o desenvolvimento do hospital. Ele explica que as iniciativas conjuntas propiciaram ao Guilherme Álvaro a aquisição de complexidade, pois permitiram melhorias que o transformaram em hospital de referência. ‘Dessa forma tem atraído mais investimentos’, conta o clínico, cardiologista e intensivista.

A parceria mais antiga e uma das mais abrangentes foi celebrada em 1973, com a Faculdade de Ciências Médicas de Santos, da Fundação Lusíadas. Com ela, o Guilherme Álvaro tornou-se Hospital Auxiliar de Ensino, com atividades para treinamento de estudantes de medicina.

O sucesso da atuação conjunta tem garantido ótimos resultados. Só no último ano, a Fundação financiou a compra de vários equipamentos, que asseguram a realização de procedimentos avançados: um aparelho para vídeocirurgia (no valor de US$ 250 mil), equipamento de ultra-sonografia (de US$ 150 mil), ecocardiógrafo com doppler (de última geração) e videoendoscópio.

Além disso, realizou a construção de um SVO, Serviço de Verificação de Óbito, que permite a determinação da causa da morte dos cerca de 10 casos diários sem diagnósticos na região, e a reforma e ampliação do centro cirúrgico.

Investimentos e melhorias

O endocrinologista Mauro César Dinato, diretor da Divisão Médica do Guilherme Álvaro e Vice-Presidente da Fundação Lusíada, acredita que esse tipo de iniciativa confere ao hospital um atendimento diferenciado. ‘Ao trazer professores, doutores e mestres para nossos ambulatórios, a universidade promove a reciclagem dos médicos da região’, considera.

Outras entidades regionais de ensino têm investido no convênio com o hospital. A Universidade Católica de Santos o utiliza como campo de estágio, tendo financiado a compra de equipamento de fisioterapia para uso em neuropediatria e a Unimonte, também de Santos, oferece profissionais especializados para assistência nos ambulatórios de nutrição para obesidade mórbida e adolescentes obesos.

Com o Ministério da Saúde, por meio do Programa Reforsus, a instituição adquiriu tomógrafo arcocirúrgico (utilizado nas cirurgias de ortopedia e para implante de marcapasso) e outro aparelho de vídeocirurgia. E o último investimento do governo do Estado, de R$ 10 milhões em junho de 2002, possibilitou o acréscimo de 80 leitos, a criação de uma UTI neonatal com 12 leitos e a aquisição de aparelhamento para a realização de tomografia computadorizada, além da ampliação do núcleo de hematologia e hemoterapia.

Hospital especializado

Localizado em Santos, o Guilherme Álvaro pertence à rede estadual de saúde e é responsável pelo atendimento ambulatorial e cirúrgico de especialidades na Baixada Santista (DIR-Diretoria Regional de Saúde XIX), exclusivamente pelo SUS. Recebe, ainda, pacientes encaminhados pelas DIR de Registro e do Vale do Ribeira. Em média, são realizadas 600 consultas especializadas por dia, com maior procura pelas áreas de reumatologia e pneumologia.

O quadro clínico é composto por 304 médicos e 90 enfermeiros, que respondem por 80 especialidades, além do serviço de apoio, com psicólogos e assistentes sociais. As cirurgias são realizadas em 14 especialidades, entre elas plástica, buco-maxilo e neurologia. No hospital também são feitos tratamentos com acupuntura, programa de aleitamento materno, método mãe-canguru, atendimento a mastectomizadas (que tiveram o seio retirado), e está sendo iniciado um programa de obesidade mórbida.

A abrangência tem sido um dos principais méritos do Guilherme Álvaro para o seu desenvolvimento. ‘Os investimentos feitos nos últimos anos fizeram com que o hospital deixasse de ser o patinho feio e que chamasse a atenção de várias entidades’, explica Cardoso. ‘Uma coisa puxa a outra’, conclui.

Binômio mãe-filho

O método mãe-canguru, criado em 1979 na Colômbia, tem como principal objetivo humanizar a assistência ao recém-nascido prematuro e/ou de baixo peso e possibilitar a alta precoce, amenizando os efeitos da infra-estrutura inadequada, liberando vagas e prevenindo infecções hospitalares.

Está baseado em princípios simples: no calor gerado e transmitido pelo corpo da mãe em contato com o bebê; no amor, que estimula o desenvolvimento da criança, garantindo-lhe equilíbrio e apoio emocional e no leite materno que, além de alimentar, garante imunização.

‘Usa o método toda criança que nasce com menos de dois quilos’, explica a assistente social Elides Antonio de Oliveira Lima. Segundo ela, que faz parte do trabalho desde que a equipe de pediatria do hospital resolveu adotá-lo, o Guilherme Álvaro obteve resultados muito bons com o procedimento, que tem por princípio manter a criança amarrada ao corpo da mãe, em posição vertical, ao invés de mantê-la na incubadora.

Esse contato promove a manutenção dos níveis adequados de temperatura corpórea do bebê e substitui o calor mecânico da incubadora, diminuindo os riscos de hipotermia e hipertermia, causados por eventuais falhas mecânicas. Caso haja necessidade de ausência provisória da mãe, o bebê é mantido em berço aquecido, na posição de 45º. A dificuldade dos recém-nascidos para sugar o leite prolongadamente é compensada pela proximidade com o seio materno.

O atendimento leva em consideração as condições clínicas do recém-nascido. Num primeiro passo, o prematuro é estabilizado, com procedimentos de reanimação e cuidados pediátricos. Depois, se a mãe quiser aderir ao Canguru, a criança é encaminhada para ficar junto dela, que já recebeu a orientação necessária e conta com apoio e infra-estrutura ambulatorial para a iniciativa. A assistente social ressalta que só participa do método quem quer. ‘Nós consideramos sempre o binômio mãe-filho’, frisa.

Simone de Marco
Da Agência Imprensa Oficial