Saúde: Homens morrem precocemente devido às doenças do fígado causadas por álcool

As regiões de Bauru e Ribeirão Preto são as que apresentam as mais altas taxas de mortalidade por doenças do fígado

qui, 03/06/2004 - 13h50 | Do Portal do Governo

Homens morrem precocemente devido às doenças do fígado causadas por consumo de álcool. A conclusão é de uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira, dia 3 de junho, pela Fundação Seade. Estudos de mortalidade com freqüência enfatizam a importância das causas relacionadas às doenças do aparelho circulatório, às neoplasias malignas (cânceres) e às causas externas no conjunto das mortes masculinas. Entretanto, as doenças do fígado, também formam um importante agrupamento de causas de morte, do qual fazem parte aquelas relacionadas ao álcool, à cirrose e fibrose hepáticas.

No Estado de São Paulo, considerando-se o número total de óbitos masculinos, observa-se que as mortes por doenças do fígado ocupam a sétima posição, acima dos cânceres, inclusive daqueles com taxas de mortalidade mais elevadas, como os de pulmão, estômago e próstata.

No entanto, detendo-se no grupo etário entre 35 e 59 anos, que é onde se concentram os chefes e os arrimos de família, a ordem de importância é bem diferente. As doenças do fígado e as agressões (homicídios), para homens, ganham destaque e são, respectivamente, segunda e terceira causas mais freqüentes de morte, superadas apenas pelas doenças isquêmicas do coração. Para as mulheres, essas patologias são de menor importância como causas de morte, mesmo quando se considera o grupo etário de 35 a 59 anos, que é o mais vulnerável.

No espaço de tempo analisado (1980-82 a 2000-02), nota-se que as taxas de mortalidade por doenças do fígado mantêm-se praticamente estáveis, em torno de 65 óbitos por 100.000 homens, mas as mortes por doenças do aparelho circulatório, como as isquêmicas do coração e as cerebrovasculares, sofrem reduções significativas em suas taxas. Cabe ainda ressaltar que a mortalidade por agressão dobrou no mesmo período.

Para os homens, entre 1996 e 2002, as taxas de mortalidade por fibrose e cirrose hepática diminuíram de 30,9 para 24,3 óbitos por 100 mil homens, sendo ultrapassadas pelas doenças alcoólicas, que tiveram aumento de 23,6 para 27,1 óbitos. Para o sexo feminino, a queda da mortalidade por fibrose e cirrose hepática é ainda maior passando 5,8, em 1996, para 3,8 óbitos por 100 mil mulheres, em 2002, enquanto aquela por doenças alcoólicas se mantém praticamente constante, em torno de 3 óbitos por 100 mil mulheres.

É importante a destacar que as causas que ganharam representatividade têm em comum o fato de estarem ligadas ao consumo de álcool.

Doença alcoólica do fígado ou hepatopatia alcoólica é a lesão hepática decorrente do consumo excessivo de álcool, sendo este um problema de saúde comum e de possível prevenção. Geralmente, o volume de álcool consumido (quantidade e freqüência) determina o risco e o grau da lesão hepática, havendo estudos que mostram que as mulheres são mais vulneráveis à lesão hepática que os homens.

As mulheres que consomem bebidas alcoólicas durante anos, o equivalente a 20 ml de álcool puro por dia (200 ml de vinho, 390 ml de cerveja ou 60 ml de uísque) podem desenvolver lesão hepática, enquanto os homens precisam consumir o equivalente a 60 ml por dia para adquirirem o mesmo mal.

O crescimento da taxa de mortalidade por doença alcoólica assim como o aumento da taxa de homicídios, como mostra o gráfico 1, sinalizam para um aumento do consumo de álcool, manifestando-se nos casos citados, na sua forma mais perversa que é a perda de vidas.

As regiões de Bauru (78,8) e Ribeirão Preto (75,5) são as que apresentam as mais altas taxas de mortalidade por doenças do fígado. Num patamar um pouco inferior estão as regiões da Baixada Santista (70,3) e Central (68,0), seguidas pela Região Metropolitana de São Paulo e São José dos Campos com taxas de 63,3 por 100 mil homens com idade entre 35 e 59 anos.

As menores taxas encontram-se nas regiões de Araçatuba (41,9), Presidente Prudente (47,6) e São José do Rio Preto (47,7). As taxas do município de São Paulo e do estado de São Paulo são praticamente iguais estando em torno de 63 óbitos por 100 mil homens.

Da Assessoria de Imprensa da Fundação Seade

(AM)