Saúde: Genética Médica conclui primeira etapa do projeto Crânio-Face

Estudos recentes mostram que uma em cada mil crianças nascidas apresentam anomalias craniofaciais

ter, 01/07/2003 - 12h07 | Do Portal do Governo

No próximo sábado, dia 5, o projeto Crânio-Face Brasil cumpre a primeira etapa de trabalho com a coleta de dados do Cadastro Nacional de Serviços de Atenção a Portadores de Anomalias Craniofaciais, com 200 serviços participantes.

Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o projeto está sendo desenvolvido pelo Departamento de Genética Médica da Unicamp. Trata-se de uma tentativa de reconhecer os serviços de atendimento a pacientes com anomalias craniofaciais, através de um mapeamento. Por meio dele, é possível verificar como estão distribuídos geograficamente os serviços que prestam esta atenção, com ênfase especial à genética.

O cadastro, de acordo com seus organizadores, facilitará a divulgação dos resultados entre hospitais e, em breve, serão disponibilizados via Internet, para consulta pública. O Brasil é referência em cirurgia e assistência craniofacial.

Estudos recentes mostram que uma em cada mil crianças nascidas apresentam anomalias craniofaciais e necessitam de atenção multidisciplinar ao longo de suas vidas. Reconhecer quantos pacientes com estas anomalias precisam de atendimento no Brasil e ainda estão longe de conseguir assistência, realizar projetos multicêntricos e divulgar os mecanismos de prevenção das anomalias para a família e a população são algumas das vantagens que poderão ser propiciadas pelo Crânio-Face Brasil.

Segundo a geneticista clínica Vera Lúcia Gil da Silva Lopes, docente da Faculdade de Medicina e coordenadora do projeto, os pacientes, com a implantação do cadastro, poderão ter acesso aos serviços mais próximos de suas residências. ‘A prevenção contribuiria para a redução de custos biopsicossociais’, recomenda Vera Lúcia. A médica comenta que ainda hoje existe muita dificuldade em dar encaminhamento aos serviços competentes. ‘Não só os pacientes desconhecem as vias adequadas, mas também os próprios serviços’, garante.

Além de sua validade do ponto-de-vista da pesquisa, o projeto aproximará pontos longínquos do País. A idéia é que se estabeleça uma relação mais direta com outros hospitais que atendem as anomalias craniofaciais.

O Departamento de Genética Médica tem um Ambulatório de Dismorfologia, um dos poucos no Brasil voltados ao diagnóstico e ao aconselhamento genético. A geneticista clínica Isabella Lopes Monlleó, que realizou o cadastro, afirma que quanto mais precoce for o atendimento, melhores serão as chances de recuperação. ‘Mas é necessário que o paciente e a família queiram algum tipo de aconselhamento em genética’, adverte.

Para ser atendido no ambulatório, o paciente deve vir com encaminhamento médico e realizar agendamento no Setor de Triagem do HC (2o andar, faixa azul, às quintas-feiras, de manhã).

Além do cadastro nacional de serviços, o ambulatório oferece outras duas linhas de pesquisa – atenção fonoaudiológica a portadores de fissuras lábio-palato e um programa de educação continuada para profissionais da saúde e agentes comunitários, a partir de outubro.

O Ambulatório de Dismorfologia estuda defeitos da linha média facial, avalia integradamente os portadores de craniossinustoses e analisa informações fonoaudiólogicas obtidas de familiares do paciente. São feitas ainda, em colaboração com outros serviços, investigações moleculares, de neuroimagem, neuropsicológicas, genéticas e neurológicas.

Os profissionais e serviços interessados em se cadastrar devem fazer contato através do e-mail cranface@fcm.unicamp.br.

Do Portal Unicamp

M.J.