Saúde: Estudo mostra a necessidade de revacinação contra a rubéola

Testes sorológicos apontaram que, após algum tempo, os anticorpos contra a doença diminuem

qua, 24/09/2003 - 11h08 | Do Portal do Governo

Pelo menos 10% das crianças que em 1992 tomaram a vacina tríplice (contra sarampo, rubéola e caxumba) perderam proteção contra a rubéola, segundo reavaliação feita pela Faculdade de Medicina da USP. Esse resultado, segundo um dos autores da pesquisa, professor Eduardo Massad, recomenda a adoção de “políticas públicas contra a rubéola dirigidas às mulheres em idade reprodutiva e baseadas em programas de vacinação, e não em campanhas massivas”.

Na época da vacinação, esperava-se que quase a totalidade das crianças, ou 98% daquela população, estivesse protegida atualmente. No entanto, a partir de testes sorológicos aplicados num universo de 1.536 moradores de São José do Rio Preto (SP), com idades entre 6 meses e 25 anos, percebeu-se que a proteção diminuiu com o tempo. A cobertura de pessoas protegidas, em vez dos esperados 98%, caiu para até cerca de 80% entre os vacinados inclusive com a dose dos 15 meses de idade.

Quando foram feitos inicialmente os cálculos, há dez anos, havia o conceito de que a vacina conferia uma proteção permanente. Assim, acreditava-se que vacinar acima de 80% das crianças suscetíveis já seria suficiente para bloquear a circulação do vírus. “Nós reavaliamos isso em 2000. O que ocorre é que a vacina não estimula o sistema imunológico da mesma forma que a defesa natural e, assim, a concentração de anticorpos vai diminuindo com o tempo’, afirma o professor Massad.

O contágio preocupa especialmente mulheres em idade reprodutiva (dos 15 aos 45 anos), já que a doença é assintomática e a síndrome da rubéola congênita, que atinge as mulheres grávidas, pode provocar casos de malformação no feto. ‘Esse é certamente o público que atualmente precisa ser alcançado pela vacina, e uma política pública nesse sentido não deve se basear em campanhas massivas, mas em um programa de vacinação estruturado’, alerta o médico.

Segunda dose

O ideal é que uma nova dose da vacina contra a moléstia seja aplicada em mulheres em idade próxima à da reprodução. ‘Mas isso implica problemas de logística, porque não se consegue fazer a vacina chegar ao público-alvo’, afirma o pesquisador. Ele sugere um programa de imunização quase compulsório, vinculado à matrícula na rede pública de ensino: “Acredito que vacinar meninas em idade escolar, pedindo, por exemplo, junto com o comprovante de matrícula da primeira série, o atestado de vacinação recente, seria uma forma mais fácil de tentar imunizar essa população. Dessa forma, é possível ter maior controle e garantia de cobertura de até 90%’.

Segundo o professor, a Secretaria de Estado da Saúde já estudou essa e outras propostas, que ainda não foram implantadas por questões de custos. Ele informa, ainda, que a secretaria está estudando qual o melhor momento para fazer a segunda dose. Há uma determinação de se vacinar mulheres profissionais das áreas da saúde e da educação. Outra alternativa são as gestantes que, ao terem o primeiro filho, receberiam a dose para se proteger na gravidez subseqüente. Mas nada disso ainda foi implantado.’

De Sylvia Miguel Do Jornal da USP, da Agência Imprensa Oficial

C.C.