Saúde: Estudo da USP prioriza pacientes com necessidade de transplante de fígado

Escala Meld permite operar casos mais graves a partir de três exames laboratoriais

qua, 19/03/2003 - 10h35 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial e Agência USP


Alunos da Faculdade de Medicina (FM) da USP, sob a coordenação dos professores Paulo Massarollo e Sérgio Mies, realizaram pesquisas e avaliaram alternativa inédita para estabelecer prioridades no atendimento de pacientes com doenças hepáticas que necessitem de transplante do fígado. Receberam Prêmio Oswaldo Cruz, concedido no 21º Congresso Médico Universitário, ocorrido na instituição. No Estado de São Paulo, são feitos 250 desses transplantes por ano, e duas mil pessoas estão na fila de espera.

Escala Meld

Os pesquisadores analisaram 300 pacientes operados no Hospital das Clínicas (HC), entre 1997 e 2001. O professor Massarollo informa que a novidade é a escala Model for End-Stage Liver Disease (Meld), que permite operar primeiro os casos mais graves. ‘O índice Meld é obtido a partir dos resultados de três exames laboratoriais, evitando a influência de critérios subjetivos’, afirma.

O atual programa de transplantes de órgãos do HC existe desde 1997. Devido à disparidade entre a oferta de órgãos e a demanda pelo tratamento, pelo menos 30% dos pacientes falecem durante o período de espera, que é superior a dois anos. As pessoas que precisam do tratamento são cadastradas em lista única, organizada por ordem de inscrição, sem levar em conta o estágio da doença.

Preferência no atendimento

O coordenador relata que estudos efetuados nos Estados Unidos confirmam que, quanto maior o Meld do paciente, maior será o risco de morte em menos tempo, o que justifica a eventual preferência no transplante. ‘O efeito dos valores de Meld no resultado do tratamento ainda é pouco investigado’, ressalta.

A pesquisa analisou a sobrevida após o transplante e demonstrou que os doentes com índice de Meld mais elevado têm maior chance de insucesso. Propôs fórmula para estimar o tempo de vida após a operação em função da variação do Meld.

Paulo Massarollo lembra que a possibilidade de adoção do sistema Meld no Brasil depende de testes mais amplos a respeito de sua eficiência, e de discussões com a comunidade médica. ‘Esse resultado fornece instrumento útil para orientar as políticas de alocação de órgãos, permitindo antever as conseqüências de possíveis mudanças do critério atual.’

(AM)