Muitos pais gostariam de que o filho se tornasse esportista, vitorioso, famoso e com corpo de atleta olímpico. Especialistas no assunto, porém, alertam para os perigos de jovens iniciarem muito cedo a prática de determinadas atividades. Crianças ou adolescentes, submetidos a carga intensa de treinamento ou prática de musculação, podem ter o crescimento prejudicado, às vezes irreversivelmente.
‘A especialização esportiva precoce, com excesso de regras, deixa a criança com estresse, indispondo-a com a atividade física para o resto da vida’, avalia o educador físico Ismael Forte Freitas Júnior. Ele é coordenador do Centro de Estudos e Laboratório de Avaliação e Prescrição de Atividades Motoras (Celapam), da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Unesp de Presidente Prudente. Atualmente, dedica-se a programas de atividade física para “baixinhos” obesos.
Ele explica que a preocupação dos pais é por causa do desenvolvimento urbano e violência nas ruas. “Os filhos ficam em casa em frente à tela da televisão ou do computador, ganhando excesso de peso.” Diante do fato, as famílias encaminham as crianças logo nos primeiros anos para ‘escolinhas’ especializadas, na esperança de que pratiquem o esporte de sua preferência.
Dalton Muller Pessoa Filho, educador físico da Faculdade de Ciências (FC) da Unesp de Bauru, acredita que a criança pode desenvolver suas potencialidades naturalmente. Cita as brincadeiras, sem a conotação competitiva do esporte. ‘Pulando, correndo ou subindo em muros, o garoto exercita sua força, equilíbrio, velocidade e agilidade’.
Lesões e deformidades
A relação do adolescente com o esporte também exige cuidados, sobretudo no que diz respeito aos meninos. ‘A ânsia por resultados rápidos é perigosa e não traz benefícios a ninguém’, pondera Henrique Luiz Monteiro, também profissional da educação física da FC de Bauru.’ A musculação, informa ele, além de inibir crescimento, gera lesões e até deformidades. “É contra-indicada antes dos 17 anos, período em que o desenvolvimento ósseo e muscular ainda não está definido.”
‘Se medirmos a altura de um garoto que faz exercícios de agachamento com peso nas costas, verificamos que, depois de determinado período, há sensível diminuição de seu tamanho. Mesmo que isso seja recuperado com outras práticas, é possível imaginar o impacto que a musculação causa no crescimento do adolescente’, explica.
Os especialistas também acham que o treinamento específico só deve ocorrer a partir dos 14 anos. Antes disso, o que se indica é a variedade de atividades. O ideal, dizem, é praticar um pouco de cada esporte, principalmente coletivos, que desenvolvem a coordenação motora e estimulam sociabilidade. Além da diversidade, há que respeitar, também, as aptidões, pois é importante que a criança pratique a atividade física de que mais gosta.
Perigo para adultos
Nos adultos, o problema mais comum é realizar exercícios o ano todo, com a mesma intensidade. Isso ocasiona estresse e depressão do sistema imunológico. ‘A chamada ‘geração saúde’ tornou-se a ‘geração adrenalina’. Vive em academias e apresenta características como amor a esportes radicais, péssima alimentação e uso de anabolizantes para gerar massa muscular. A suplementação alimentar dá resultados visíveis em 60 dias, mas pode gerar lesões no fígado e comprometer as funções renais’, alerta um dos especialistas.
Da Agência Imprensa Oficial e Portal da Unesp
