Saúde: Diminuem internações em manicômios com nova proposta de tratamento

Idealizado pela OMS, modelo quer acabar com segregação e reintroduzir o doente na sociedade

ter, 20/05/2003 - 11h21 | Do Portal do Governo

A determinação da Secretaria de Estado da Saúde de reintroduzir o portador de transtornos mentais no convívio social, sem isolá-lo num manicômio, tem demonstrado resultados positivos. Houve redução do número de internações integrais em hospitais psiquiátricos, que há sete anos eram 80, vinte a mais que atualmente.

A diminuição correu paralelamente ao aumento de ambulatórios de saúde mental, que saltou de 70 em 1995 para 112 em 2002. Os Centros de Apoio Psicossocial (Caps), que somavam apenas 12 em todo o Estado, em 1995 chegaram a 110.

A secretaria também instituiu 82 residências terapêuticas (casas onde vivem até oito pessoas que receberam alta de hospitais psiquiátricos). Essas moradias servem como transição entre o hospital e o convívio em sociedade. Já são aproximadamente mil pacientes mentais que deixaram os hospitais e estão morando nos lares abrigados.

Redução de custos

Os doentes continuam sendo acompanhados pelos ambulatórios de saúde mental ou nos Caps. A diferença é que deixam de ser doentes internados para se transformarem em pacientes ambulatoriais, incluídos na vida da cidade como qualquer outro cidadão.

Essa passagem, de internado para morador da cidade, é um dos princípios mais importantes da reforma psiquiátrica. A desinternação dos pacientes e o conseqüente fechamento de leitos devem ser acompanhados de serviços alternativos e ambulatoriais.

“Além de significar a reinserção social e o resgate da cidadania do paciente, a substituição da internação pelas residências terapêuticas reduz os custos pela metade”, diz Mirsa Elisabeth Dellosi, coordenadora de saúde mental da pasta. “Com o dinheiro que se gastava com um, será possível cuidar de dois pacientes.”

Reabilitação social

Além do aumento dos Centros de Apoio Psicossocial e da introdução das residências terapêuticas, a secretaria aplicou nos oito hospitais psiquiátricos da sua rede a proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de reabilitação social dos pacientes de longa permanência.

Segundo números da Secretaria da Saúde, das 15.142 pessoas internadas no Estado, 8.121 são moradores, ou seja, só continuam nos hospitais porque não têm para onde ir. “São pacientes com mais de um ano de internação, alguns com mais de 50”, diz Mirsa Dellosi. Grande parcela delas foi beneficiada por ações, como retirada de documentação pessoal e localização de familiares. Por intermédio das oficinas terapêuticas, muitos internados se profissionalizam, conseguem emprego ou passam a vender produtos que confeccionam.

Modelo de atendimento segue três diretrizes

  • ampliação do número de unidades extra-hospitalares (Caps, ambulatórios de saúde mental, etc.)
  • redução do número de leitos
  • transformação radical dos hospitais psiquiátricos do Estado em serviços abertos.

    Hospital modelo

    As ações da secretaria na área da saúde mental continuarão com o objetivo de reverter a segregação que durante séculos foi imposta aos portadores de transtornos mentais. Essas ações fazem parte do programa de humanização de atendimento, prioridade do governo estadual”, afirma a coordenadora.

    O mesmo Estado que está na frente nas desinternações, também é pioneiro na construção de um hospital psiquiátrico modelo. Desde o ano passado, o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas vem passando ampla reforma, mudando as instalações e as práticas.

    Com 50 anos de existência, o instituto está acabando com as enfermarias escuras e trancadas com chave e com as camas de ferro parafusadas no chão. No lugar, estão praticamente prontas enfermarias menores especializadas, com cores e iluminação estudadas.

    No novo instituto, pacientes circularão pelas áreas comuns e receberão familiares em ambientes que pouco lembram hospitais. As enfermarias especializadas evitarão que doentes de diferentes patologias, ou crianças, convivam em lugar-comum. Com a reforma, o número de leitos passará de 104 para 210.

    Da Agência Imprensa Oficial e Assessoria de Imprensa da SES

    (AM)