Saúde: Deficiente auditivo pode marcar consulta por telefone

Serviço inédito na rede pública do Brasil recebe ligações de aparelhos adaptados

sáb, 06/09/2003 - 15h47 | Do Portal do Governo

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC/FMUSP) acaba de instalar a Central de Atendimento ao Surdo (CAS), que permite aos deficientes auditivos marcarem consultas por telefone, sem precisar de auxílio. O sistema é inédito na rede pública de saúde do Brasil e recebe ligações de aparelhos telefônicos adaptados para surdos, agendando consultas para todas as especialidades do hospital.

A central foi criada em julho, e o HC está divulgando o trabalho para popularizar o uso do serviço entre os deficientes.

O médico otorrinolaringologista Sérgio Garbi, que coordenou a criação do serviço, explica que a CAS é composta por um telefone e um computador. “A linha é a mesma que atende aos demais interessados em marcar consultas no HC, mas a central não atende a sinais de voz. Tem um modem que identifica o sinal emitido pelos telefones adaptados.

Quando o funcionário identifica a chamada como sendo de um deficiente, passa a atendê-lo por meio do teclado do computador. Pedimos à Telefônica que divulgue o número da CAS por meio do serviço de informações da operadora.”

Ligações com privacidade

Sérgio Garbi explica que essas pessoas podem fazer as ligações em aparelhos adaptados, instalados em lugares públicos (maioria dos shopping centers da capital e em 28 postos de atendimento público da Telefônica). Os deficientes auditivos também podem adquirir os residenciais diretamente de um fabricante especializado.

O aparelho tem visor indicativo, onde é possível ler as informações recebidas e teclado alfanumérico para enviá-las. De acordo com o médico, a vantagem da Central de Atendimento ao Surdo é abrir a possibilidade de os próprios portadores de surdez marcarem consultas. “Além de não depender de ninguém, o deficiente pode manter sua privacidade na hora de procurar o médico e isso lhe proporcionará fantástica melhoria na qualidade de vida”, observa.

Garbi informou que a direção do HC estuda a possibilidade de reservar algumas das vagas para esses deficientes em consultas oferecidas diariamente pelo hospital.

Necessidade de patrocínio

O otorrinolaringologista informa que o equipamento necessário à instalação, com custo estimado em R$ 50 mil, foi doação de um fabricante de produtos para deficientes auditivos. “A Clínica de Otorrino do HC e a Fundação Faculdade de Medicina precisam de patrocinadores para manter o atendimento, pois a empresa cedeu o aparelho por tempo predeterminado”, ressalta.

O médico está iniciando trabalho de divulgação junto a entidades que atuam com deficientes auditivos, explicando o funcionamento do serviço para popularizá-lo. “O objetivo é atingir média de 20 ligações diárias em um ano”, calcula.

Claudio Roberto Sindicic, proprietário da Koller – única empresa fabricante do produto no Brasil e doadora do aparelho ao HC – disse que no Estado de São Paulo existem 150 mil surdos. Afirmou também que há legislação que determina às empresas de telefonia destinarem 2% dos aparelhos telefônicos às pessoas portadoras de deficiências especiais.


Serviço

A Central de Atendimento ao Surdo funciona diariamente pelo telefone (11) 3069-7243, das 7h às 12 horas. A marcação de consultas para o primeiro atendimento é feita conforme a disponibilidade de vagas no HC.

O aparelho residencial custa R$ 805,00 no Estado e R$ 915,00 fora de São Paulo. Outras informações podem ser obtidas pelo site www.koller.com.br

Pessoas físicas ou jurídicas que queiram doar recursos para garantir a continuidade do atendimento da CAS devem entrar em contato com a Fundação Faculdade de Medicina pelo telefone (11) 3016-4964.

Viviane Gomes – Da Agência Imprensa Oficial