Saúde: CRI de São Miguel Paulista restaura a saúde e a auto-estima dos idosos

CRI fica na Praça Aleixo Monteiro Mafra, 34 - São Miguel Paulista

seg, 05/01/2004 - 16h12 | Do Portal do Governo

A recifense Maria da Conceição de Oliveira, 60 anos, é viúva há seis anos e mora em Guaianases, zona leste de São Paulo. Com o falecimento do marido, passou a ter crises de depressão e sua taxa de colesterol aumentou. Durante dez meses, precisou tomar remédios de tarja preta, que custam quase R$ 100,00.

A luz e a alegria ressurgiram na sua vida quando começou a participar das atividades do Centro de Referência do Idoso (CRI), especialmente das aulas de forró e do baile da terceira idade, que ocorrem todas as sextas-feiras e reúnem jovens senhores e senhoras com mais de 60 anos de todos os cantos da cidade.

Maria da Conceição relatou suas experiências durante o Baile Paz e Amor promovido pela instituição, ao qual compareceram mais de mil pessoas. A viúva lembra que era tímida e triste. “O baile me ajudou muito. Hoje meu colesterol está normal, não tomo mais remédios.” Ela conversa com as pessoas, brinca, solta o corpo e ensina forró aos que pedem sua ajuda.

“Às vezes meus filhos me chamam para passear, mas sempre prefiro vir aqui”, diz orgulhosa. Além de saudável e com a auto-estima recuperada, Conceição sorri à toa. Há cinco meses seu coração bate mais forte porque conheceu o namorado Ezequiel Anolino de Lima, 61 anos, na própria roda de dança.

Superando obstáculos

O viúvo Gonçalves Soares Dias, 78 anos, mora no Morumbi, zona sul. Logo que o CRI foi inaugurado, em setembro de 2001, seu irmão o convidou para participar. Desde então, as três conduções (dois ônibus e um metrô) para chegar à instituição, em São Miguel Paulista, não se tornaram obstáculos. É freqüentador assíduo. Além de se distrair, também teve a chance de encontrar a viúva Terezinha de Jesus Souza, de 61 anos.

O casal vive junto e foi eleito pelos colegas o mais elegante do bailado. “Aqui tenho uma família, e o Gonçalves, com 78 anos, ficou jovem de novo”, ressalta a dona Terezinha. “Arrumo a casa, faço almoço, sirvo a comida do cachorro e só volto depois das 16 horas”, conta dona Joana de Oliveira, 76 anos, referindo-se às constantes idas ao CRI, onde recebe aulas de alfabetização, memorização, ginástica, bordado e pintura.

“Eu era rebelde e violenta. Hoje tenho outra vida e aprendo muito. As pessoas são gentis e educadas, e os funcionários tratam a gente direitinho”, disse, acrescentando que também gosta de forró.

Celebrando a paz

Psicólogos e outros profissionais do CRI reuniram os depoimentos da vida de dona Joana e de outras 11 idosas do Centro para compor o livro Conversas e Memórias Fragmentos, publicação da Imprensa Oficial do Estado.

Há mais de dois anos, a instituição promove o baile, bastante conhecido da terceira idade de todas as partes da cidade. Toda sexta-feira, das 15 às 19 horas, dois tecladistas e uma cantora alegram a festa com forró, bolero e músicas antigas. Os ritmos atraem de 500 a 600 pessoas por semana.

O Baile Paz e Amor foi o último do ano realizado pela instituição. A maioria dos dançarinos trajava roupas brancas para celebrar a paz. Nesse mesmo dia, 200 vozes do coral do CRI cantaram as canções folclóricas Noite Feliz, Bate o sino e Anoiteceu. O repertório também incluiu Canção da América e Ponta de Areia (Milton Nascimento), Amigos para sempre (Sarah Brightman e José Carreras), entre outras.

Houve apresentação de dança das idosas do grupo de ginástica e de 18 violeiros que interpretaram músicas populares brasileiras. Foram distribuídos 120 quilos de bolo e refrigerantes aos mais de mil participantes.

Convivência torna o envelhecimento saudável e alegre

O Centro de Referência do Idoso, órgão da Secretaria de Estado da Saúde, foi inaugurado dia 30 de setembro de 2001. “Nosso objetivo é oferecer assistência médica e ações de convivência para tornar o envelhecimento mais saudável. Normalmente os idosos são segregados e não têm estímulos para continuar vivendo”, constata o diretor da área de convivência, o dentista Nilton Guedes.

As 64 mil pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, moradoras da região (distritos de Ermelino Matarazzo, Vila Curuçá, Itaim Paulista e São Miguel Paulista) podem usufruir dos auxílios médicos do CRI. São 17 especialidades, entre elas cardiologia, otorrinolaringologia, gastrologia, oftalmologia, odontologia. Há uma série de exames de diagnósticos como radiologia, ultra-sonografia e eletrocardiograma e reabilitação (fisioterapia).

Nos 4 mil metros de área construída distribuem-se 22 atividades de convivência, à disposição dos velhinhos de todas as regiões da cidade. Ioga, informática, bordado, pintura, fuxico, risoterapia (curso de treino do riso) e tai chi chuan são alguns exemplos. Os jovens senhores mais vaidosos podem marcar, de graça, consulta com cabeleireiros e podólogos.

Atendimento integrado

Nas área médica são 14 mil atendimentos por mês e na de convivência, outros 9 mil. Há assistência jurídica e social (fonoaudiólogo, psicólogo, psiquiatra e terapeuta educacional).

Os 323 funcionários desempenham suas funções com amor. “Preparei minha equipe para criar um ambiente acolhedor. Sem esse perfil os candidatos não são contratados. O idoso tem de ser bem recepcionado: ele é ouvido e orientado”, explica a diretora do CRI, Rosa Maria Barros dos Santos.

O atendimento é integrado com a Secretaria do Governo do Estado. Isso possibilita a existência de programas como Escreve Cartas, Acessa São Paulo e Dose Certa, além de emissão de documentos para a “reinserção dessas pessoas no mundo moderno”.


ServiçoO CRI fica na Praça Aleixo Monteiro Mafra, 34 – São Miguel Paulista. Funciona de segunda a sexta-feira, das 7 às 19 horas. Telefone: (11) 6130-4000