Da Agência Imprensa Oficial
Mais de mil pessoas já procuraram o Pronto-socorro Oftalmológico do Hospital das Clínicas nas últimas três semanas em decorrência da conjuntivite viral, que vem se disseminando rapidamente pelo Estado. A unidade que recebia de um a dois pacientes com o problema, por dia, atendeu de 60 a 70 infectados diariamente na última semana. A Secretaria Estadual da Saúde já recebeu notificação de 31.378 casos.
O diretor do Departamento de Oftalmologia do HC, dr. Newton Kara José, acredita que esse número seja ainda maior. “Não há notificação compulsória para essa doença. Muitos procuram consultórios e farmácias, por isso é difícil calcular o número de infectados”, diz o médico, que fala em epidemia. “A doença é altamente contagiosa e o número de casos deve crescer bastante nas próximas semanas”, prevê.
Ele afirma, porém, que não há motivo para pânico, pois medidas preventivas simples – como lavar sempre as mãos – diminuem sensivelmente a propagação. “Educar a população é a principal arma para evitar a disseminação do vírus. É preciso que todos conheçam a conduta higienicamente boa para os olhos”.
Quarentena
O portador de conjuntivite viral tem de passar por uma pequena quarentena – isolar fronhas, lençóis, lenços, toalhas, sabonetes, evitar contato físico, abrir torneiras e pegar em maçanetas com lenço de papel. No ambiente de trabalho, não compartilhar mesas, cadeiras e material de escritório e evitar cumprimentar as pessoas com apertos de mão. Crianças não devem ir à escola.
Marcelo Francisco de Paulo, de 24 anos, não pode trabalhar ontem por ter sido infectado pela conjuntivite viral. “Quando cheguei ao serviço, me mandaram de volta”, conta. Ele trabalha no berçário de um centro pedagógico na Capital. Com o olho inchado e vermelho, compareceu ao Pronto-socorro Oftalmológico do HC, onde foi atendido e recebeu orientações de como tratar a doença e não contaminar os outros.
O médico do HC disse que o caso de Marcelo é típico. “O irmão dele contraiu a doença há oito dias. É muito comum várias pessoas da família pegarem conjuntivite, como também é comum passar de um olho para outro”, informou.
Novo vírus
Segundo o médico, essa é a pior epidemia de conjuntivite viral desde 1984. A crise da década de 80 foi provocada pelo picornovirus – que até então não costumava atacar os olhos -, e teve início na África. Percorreu o mundo todo, passando também pelo Brasil. “Foi devastadora até que a média da população desenvolvesse anticorpos”, informou.
Ele informa que o surto atual parece ter começado em Santa Catarina. “A doença está menos intensa e agressiva que a de 84, e em torno de uma semana o doente já começa a sentir alívio”. O vírus ainda não foi identificado, mas o médico afirma que o HC está trabalhando para identificá-lo. “É muito importante estar atento aos cuidados necessários para não se contaminar, pois até que a população desenvolva anticorpos a epidemia tende a aumentar.”
Sirlaine Aiala
(AM)
