Saúde: Cirurgia devolve auto-estima a criança com incontinência urinária

Especialistas do Darcy Vargas fizeram cirurgias no Interior e em outros Estados

qua, 28/01/2004 - 16h18 | Do Portal do Governo

Referência no tratamento de crianças, o Hospital Infantil Darcy Vargas (HIDV) vem, ao longo dos últimos 13 anos, devolvendo a auto-estima a crianças e adolescentes com incontinência urinária. Graças à cirurgia de substituição parcial ou total da bexiga e outras técnicas cirúrgicas, 160 pacientes puderam retornar ao convívio social sem o constrangimento do uso de fraldas ou de sacos coletores externos.

“Essas crianças, que antes tinham incontinência urinária ou perda de urina constante, sofriam problemas psicossociais graves. Elas se isolavam do convívio social. Tivemos casos de adolescentes que chegavam ao hospital usando fraldas”, recorda José Carnevale, urologista infantil e chefe do departamento de cirurgia e urologia pediátrica do HIDV. “Isso acarreta problemas seriíssimos, não só as dermatites, irritação causadas pela urina, como o odor que exalam, o que faz com que a criança seja segregada do meio social.”

Com o objetivo de oferecer melhores condições de convivência social aos pacientes, o HIDV utiliza, desde 1990, técnicas de substituição total ou parcial da bexiga, que implica a confecção de reservatórios com segmentos do trato digestivo (partes do intestino e estômago); e da produção de um cateter com o apêndice cecal. Neste caso, o apêndice é utilizado como condutor entra a bexiga e a pele, o que permite ao paciente fazer o autocateterismo (esvaziamento da bexiga).

Formação de especialistas

Dos 160 pacientes, 133 foram operados no próprio HIDV. Nas outras 27 cirurgias, médicos do hospital se deslocaram para fazer a intervenção na cidade onde os pacientes estavam. “Já realizamos esta cirurgia na Bahia, Goiás e interior de São Paulo. O Darcy Vargas é um centro que está formando especialistas para trabalharem por todo o País, temos residentes de diversos cidades”, informa o urologista.

Quase 85% das crianças se tornaram continentes na primeira cirurgia. O restante passou por outras intervenções para correções. “Em alguns casos, a bexiga pode ficar pequena ou o mecanismo para o autocateterismo, inadequado”, explica.

Alerta aos pais

A cirurgia é recomendada às crianças que nascem sem bexiga, ou se o órgão existe de modo parcial ou, ainda, se apresenta problemas neurológicos ou anatômicos. Nos dois últimos casos, a bexiga pode sofrer com alta pressão, o que leva à destruição de tecido renal. O quadro pode evoluir para insuficiência renal, o que conseqüentemente implica necessidade do transplante de rins.

Toda criança com febre desde o nascimento deve ter um diagnóstico que exclua infecção urinária. Se comprovada a infecção no recém-nascido e no lactente é necessária a investigação do trato urinário, para detectar precocemente se tem algum tipo de anomalia que vá apresentar conseqüências para o trato urinário. Além disso, toda criança que tem anomalia de trato digestivo baixo (intestinos e reto) deve ter seu trato urinário também analisado. Casos de incoordenação do ato de urinar, que se refletem por infecção do trato urinário, também devem ser investigados.

Sirlaine Aiala
Da Agência Imprensa Oficial