Saúde: Centro de Vigilância Epidemiológica promove simpósio para discutir meningite bacteriana

Objetivo é reforçar a importância do diagnóstico precoce para prevenção da doença

sex, 16/05/2003 - 13h10 | Do Portal do Governo

Com a chegada do inverno, cresce o número de casos de meningite. Para reforçar a importância do diagnóstico precoce e atualizar os médicos em relação às formas de tratar e prevenir a doença, o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), da Secretaria de Estado da Saúde, promove o II Simpósio sobre Meningites Bacterianas, direcionado a profissionais de saúde.

Durante o encontro, os especialistas vão discutir aspectos clínicos e neurológicos, complicações e vacinas. E também falar da importância de notificar a meningite ao CVE e de enviar os dados para o Instituto Adolfo Lutz, responsável por identificar as bactérias e determinar o grau de resistência aos antibióticos.

Participarão do simpósio o coordenador da superintendência de Controle de Endemias, Luiz Jacintho da Silva, e o diretor do CVE, Carlos Magno Fortaleza.

Apesar das melhorias no diagnóstico e tratamento, a meningite preocupa a comunidade médica. A doença atinge principalmente as crianças e pode deixar seqüelas graves, que vão desde leves dificuldades escolares até paralisia cerebral, passando por várias formas de defeitos físicos e intelectuais, surdez parcial ou completa e morte.

Sintomas da meningite

“Por ter sintomas semelhantes aos da gripe, a população deve redobrar a atenção e não se automedicar. Ao menor sinal de febre alta, dor de cabeça forte e rigidez de nuca (a dificuldade de movimentar a cabeça é o sintoma mais característico), a orientação é procurar atendimento médico urgente.

A meningite, na maioria das vezes, é uma infecção grave e contagiosa. Há casos em que a demora no tratamento pode deixar seqüelas ou levar à morte”, alerta a médica do CVE, Neuma Hidalgo.
Além desses sinais característicos, observados em indivíduos com mais de dois anos de idade, pode haver outros como náuseas, vômitos, fotofobia (desconforto com luz), confusão mental e abatimento no estado geral.

Em recém-nascidos ou lactentes, os sintomas clássicos não são freqüentes, o que dificulta o diagnóstico. Nessa faixa etária devem ser considerados fatores como abaulamentos de fontanela (moleira inchada), baixa de atividade (a criança fica largadinha), irritabilidade, choro intenso, gemência ou vômitos.

Diagnóstico e tratamento

Os riscos diminuem significativamente quando a doença é diagnosticada com rapidez, explica Neuma. ‘O ideal é detectá-la nas primeiras 24 a 48 horas, para que não ocorram complicações, principalmente neurológicas. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para salvar vidas e obter boa recuperação. Ao apresentar sinais da doença, o paciente tem de ir para o hospital imediatamente.”

Para confirmar se a pessoa está com meningite, é feito exame do líquor (líquido retirado da espinha), coletado através de punção. O teste indica o tratamento mais apropriado e define, se necessário, quais as medidas de controle a serem adotadas com as pessoas que convivem com o paciente.

Se for detectada a meningite bacteriana, a pessoa deverá ser internada obrigatoriamente para acompanhamento médico. Os inúmeros antibióticos usados para a cura têm de ser ministrados em hospitais. O índice de letalidade é de cerca de 17%.

Vacinas preventivas evitam alguns tipos de meningite

Existem vacinas preventivas, mas não para todos os tipos de meningites. Em São Paulo, desde 1999, encontra-se disponível a vacina contra o hemófilo b, uma das bactérias causadoras de meningite, além de outras doenças graves em crianças menores de cinco anos. Apesar do pouco tempo de uso, esta vacina já diminuiu o número de casos e de mortes entre as crianças. Em 1994, houve 358 notificações; e no ano passado, caiu para 44.

Já a vacina disponível para o meningococo tem uso indicado apenas para controle de surtos, porque não protege bem as crianças menores de dois anos de idade, justamente as mais atingidas pela doença.
A vacina tradicional para a bactéria pneumococo também não protege essa faixa etária. No Brasil, ela só está disponível nos centros de imunobiológicos especiais e hospitais particulares.

Por ser contagiosa e causar epidemias há a necessidade de notificar, o mais rápido possível, todos os casos aos serviços de saúde pública. A providência permite à vigilância epidemiológica analisar a situação e avaliar se há ou não necessidade de imunizar as pessoas próximas das vítimas.

(AM)