Saúde: Centro de Referência em tuberculose completa 90 anos de serviços em São Paulo

Instituto Clemente Ferreira atende entre 700 e 800 casos por ano

ter, 26/08/2003 - 11h09 | Do Portal do Governo

O Instituto Clemente Ferreira, centro de referência ambulatorial no tratamento da tuberculose, está completando 90 anos. Além de oferecer assistência aos pacientes, atendendo os casos mais complicados que a rede pública não consegue resolver, o Instituto desenvolve atividades de ensino e pesquisa.

Como referência, recebe residentes de diversas universidades e profissionais da saúde para treinamento. “A importância do ensino no tripé de atividades que o instituto desenvolve é o efeito multiplicador de capacitar profissionais para diagnosticar a tuberculose. Muitos profissionais não sabem diagnosticar a tuberculose”, explica a médica sanitarista Maria Tereza Ortega Garcia.

Segundo o diretor técnico do Instituto, Dr. Jorge Barros Afiune, o principal desafio hoje para a unidade são os casos de tuberculose multirresistente, casos mais rebeldes, que foram tratados e não respondem mais aos medicamentos habituais. “Essa é a grande dificuldade atual. O instituto tem priorizado a pesquisa de novas drogas para o tratamento desse tipo de tuberculose.”

O Clemente Ferreira acumula o conjunto de conhecimentos em tuberculose mais importante do Brasil. Junto com as pesquisas, foram descobertas muitas opções de tratamento. “Muitos procedimentos que descobrimos viraram normas nacionais. Fizemos os primeiros estudos que permitiram a normatização do tratamento”, diz o diretor.

Tratamento

O instituto atende entre 700 e 800 casos por ano, aproximadamente 70 por mês, não só do Estado de São Paulo, mas também de outros Estados.

A tuberculose é uma doença que tem cura quando o tratamento é bem feito. O tratamento é feito unicamente com remédios. “O inconveniente é que é longo, dura no mínimo 6 meses. É também um tratamento caro, mas o Estado fornece todos os remédios”, comenta a sanitarista.

Apesar de a doença ser transmitida pelo ar, após 15 dias de tratamento a pessoa já está esterilizada e não transmite mais a tuberculose. “Passado esse período o paciente tem que tomar o remédio todos os dias, mas pode continuar levando vida normal. Geralmente, o que acontece quando um indivíduo adquire a tuberculose é ser demitido do emprego. Por isso é importante esclarecer bem que duas semanas de afastamento são suficientes”, explica o Dr. Jorge.

Devido a esses problemas, o instituto sempre teve um serviço social muito atuante. “A doença exclui. Precisamos mostrar que isso não precisa acontecer”, diz o diretor.

Números

Dos 80 mil casos de tuberculose descobertos por ano no Brasil, 21 mil estão no Estado de São Paulo, 80% na região metropolitana. Só no município de São Paulo são 8 mil casos. A incidência maior da doença é entre indivíduos de 25 a 40 anos.

As pesquisas do Programa de Tuberculose do Centro de Vigilância Sanitária (CVE) do Estado de São Paulo mostram que a doença vem se mantendo estável há algum tempo. Só houve um expressivo aumento com o surgimento da aids. “O portador desenvolve a doença com maior facilidade, pois fica com o sistema imunológico comprometido. Catorze por cento dos tuberculosos têm aids”, explica a coordenadora do Programa Dra. Vera Maria Neder Galesi.

O CVE adotou uma estratégia de tratamento baseado em cinco pilares: comprometimento político, medicamentos sempre disponíveis, sistema de informações rápidas, retaguarda laboratorial adequado e a tomada de medicamentos. “Optamos por um tratamento diretamente observado. Se o paciente não pode ir ao serviço de saúde tomar remédio, o serviço vai até ele. Colocamos nossa equipe em campo, mas o paciente toma os remédios, já que manter essa regularidade durante 6 meses de tratamento é a maior dificuldade”, explica a coordenadora.

Andréa Barros
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)