Saúde bucal: Embelezamento arriscado no processo de clareamento dentário

Professora da Unesp estudou os efeitos de produtos clareadores

seg, 17/05/2004 - 10h11 | Do Portal do Governo

É cada vez maior o número de pessoas que, com a intenção de melhorar a aparência, resolvem clarear os dentes. No entanto, a decisão de embelezar o sorriso pode ter conseqüências indesejáveis para a saúde. Uma equipe coordenada pela professora Márcia Carneiro Valera, do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia da UNESP (Universidade Estadual Paulista), campus de São José dos Campos, tem estudado os efeitos de produtos clareadores sobre a polpa, ou seja, a parte viva do dente, e sobre os tecidos que lhe dão sustentação – gengiva e osso.

Feitos à base de peróxidos de hidrogênio (água oxigenada) e peróxido de carbamida, esses produtos geralmente se apresentam sob a forma de líquido ou gel. Após a proteção da gengiva, eles são aplicados na superfície externa dos dentes, penetrando em sua estrutura, onde desencadeiam uma reação química que leva à produção de substâncias clareadoras.

O risco nesse processo, de acordo com Márcia, é que o clareador em muitos casos pode atingir a polpa dentária. ‘Quando isso ocorre, há o risco de haver uma reação inflamatória e, embora não tenhamos dados conclusivos, é possível que a substância provoque até mesmo a morte da polpa’, adverte.

As pesquisas avaliam o grau de penetração desses produtos, levando em conta vários períodos de aplicação e níveis de concentração da substância. Em sua dissertação de mestrado, orientada por Márcia, Ana Raquel Benetti avaliou a penetração dos clareadores na câmara pulpar (o local onde fica a polpa, popularmente conhecido como canal), principalmente em dentes restaurados.

Ana assinala que, embora seja um estudo em laboratório (in vitro), os resultados sugerem que a restauração dentária pode facilitar a chegada dos clareadores à câmara pulpar. ‘Se o clareamento for feito sem critério, pode acentuar os efeitos colaterais do peróxido de hidrogênio, resultando em maior sensibilidade após o tratamento ou danos irreversíveis à polpa’, conclui.

Da Assessoria de Imprensa da Unesp. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (11) 252-0429 / 0329

V.C.