Saúde: Banco de Pele do Hospital das Clínicas de São Paulo trabalha com baixo estoque

Preconceito e falta de informação inibem doações, que chegam a apenas 4 por mês na região metropolitana

ter, 01/06/2004 - 18h30 | Do Portal do Governo

O estoque do Banco de Pele do Instituto Central do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP ainda é muito baixo comparado à demanda existente. O Banco é o maior fornecedor do tecido no País, sendo responsável pela distribuição a várias unidades de queimados da cidade de São Paulo, do interior paulista e de outros Estados brasileiros. O enxerto de pele é usado para o tratamento de grandes queimados, principalmente crianças, ou de traumas graves, aumentando a sobrevida do paciente até que ele tenha condições favoráveis para o auto-enxerto.

A doação de pele ainda é vista com preconceito no Brasil, devido principalmente à falta de informação por parte dos familiares. Na Grande São Paulo, o número de doadores de pele em comparação ao de doadores de órgãos é de apenas 1 para 6. Dados da Central de Transplantes do Estado indicam que, enquanto a média mensal de doadores de pele é de quatro, a média de doadores de múltiplos órgãos foi de 25, nos quatro primeiros meses de 2004. A doação de pele é feita após constatação de morte encefálica ou parada cardíaca irreversível, cabendo a família autorizar a retirada ou não do tecido.

‘Existe um preconceito grande dos indivíduos, que erroneamente acreditam que a retirada do tecido vai gerar uma deformidade no corpo do doador, quando na verdade o que se remove são lâminas extremamente finas, em áreas de pernas e dorso, num procedimento igual ao que é feito para a retirada de enxerto de pele, em vida”, afirma a medica assistente Marisa Roma Herson, da Divisão de Cirurgia Plástica e Queimaduras do Hospital das Clínicas, responsável pelo Banco de Pele do HC. Segundo a médica, em um individuo vivo, as áreas doadoras se restaurariam naturalmente em duas a três semanas sem cicatrizes importantes.

Todo mundo pode ser doador de órgãos e tecidos desde que não seja portador de doenças transmissíveis (Aids, por exemplo), de infecções graves e de câncer generalizado. Até março de 2001, o não doador deveria expressar sua vontade no documento de identidade. Atualmente, cabe à família autorizar a doação em caso de morte cerebral. Qualquer pessoa interessada em fazer doação, portanto, deve comunicar essa decisão a seus familiares.

Desde 1997, existe o Serviço Nacional de Transplantes no Ministério da Saúde, que através das Secretarias Estaduais de Saúde coordena a captação e distribuição dos órgãos e tecidos doados. Todo o processo envolve médicos e profissionais altamente especializados. Após a constatação de morte encefálica ou parada cardíaca irreversível (morte), o médico comunica o fato à Central de Transplantes. A partir daí, os familiares são abordados pela equipe de captação de órgãos e tecidos.

Da assessoria de imprensa do Hospital das Clínicas
C.A.