Saúde: Aumenta o número de acidentes com taturana letal

Em caso de contato, vítima deve recolher o inseto para facilitar a identificação e o tratamento

seg, 27/01/2003 - 10h34 | Do Portal do Governo

Está aumentando o número de acidentes com a taturana que pode causar hemorragias internas e até levar à morte pelo simples contato com a pele humana. Isso deve-se aos desmatamentos e à conseqüente migração para os pomares das residências, conclui estudo do pesquisador do Instituto Butantan, Roberto Henrique Pinto Moraes.

Para identificar a lagarta, pertencente à espécie Lonomia obliqua, é preciso observar se o inseto tem coloração marrom, cerdas verdes endurecidas sobre o corpo que lembram pinheirinhos de Natal, listras longitudinais negras, manchas dorsais esbranquiçadas em forma de U e tamanho de 6 cm. Outra característica da taturana, cujo significado é aquilo que queima como fogo, é que vive em comunidade e anda em fila indiana, como as formigas.

Camuflagem e veneno

Durante o dia, agrupam-se nos troncos das árvores, principalmente em abacateiro, amoreira, pessegueiro, goiabeira e araticum. À noite ficam nas copas à procura de alimentos. Originalmente a comunidade vivia em árvores altas da mata como cedro, ipê, seringueira, eritina, figueira do mato, tapiá.

Sua aglomeração é muito semelhante aos musgos, por isso as pessoas ao se encostar nas plantas não percebem tratar-se de um aglomerado de insetos. Esse amontoado de taturanas em contato com a pele provoca queimadura e dor.

Além disso, injetam veneno no indivíduo e a substância atinge diretamente a corrente sangüínea causando dor de cabeça, ânsia de vômito e hematomas generalizados. Ocorrem sangramentos por feridas ou cicatrizes recentes e pela gengiva. Em caso de contato, a vítima deve recolher o inseto, para facilitar a identificação e o tratamento, e dirigir-se ao Instituto Butantan ou ao hospital.

Outra providência para quem tem pomar é pintar todos os caules das árvores frutíferas com tinta branca para facilitar a visualização da taturana. Nos últimos dez anos houve mais de mil casos de acidentes registrados nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, inclusive com óbitos. Nos últimos anos tem ocorrido acidentes nas áreas urbanas da cidade de São Paulo.

O estudo também encontrou alguns dos predadores naturais da taturana como moscas, vespas e vírus. Está em fase de experiência, no Butantan, a utilização de proteína presente no veneno da lagarta para desenvolvimento de novos medicamentos para tratamento de trombose.

Da Agência Imprensa Oficial e da Agência USP e Notícias
(Fonte: www.butantan.gov.br)

A.M.