Saúde: Adolfo Lutz é referência em pesquisa e diagnóstico de doenças epidêmicas

Instituto é o laboratório central de saúde pública do Estado de São Paulo

qui, 29/01/2004 - 10h55 | Do Portal do Governo

Reconhecido internacionalmente, o Instituto Adolfo Lutz (IAL) é o laboratório central de saúde pública do Estado de São Paulo. Tem como responsabilidade desenvolver as atividades laboratoriais ligadas às vigilâncias epidemiológica e sanitária, além de executar, normatizar, supervisionar e coordenar as atividades dos laboratórios públicos do Estado. Vinculado à Secretaria da Saúde, tem 12 laboratórios regionais e uma diretoria técnica na capital, complementando a rede de saúde com os laboratórios das prefeituras, escritórios regionais de saúde e do Inamps.

Além de atuar nas áreas de bromatologia e química, biologia médica e patologia, o Adolfo Lutz gera conhecimentos relevantes para a saúde coletiva, desenvolve pesquisas aplicadas, colabora na elaboração de normas técnicas, padroniza métodos diagnósticos e analíticos e organiza cursos de formação em níveis nacional e internacional.

Suas atividades são desenvolvidas em sistema de rede, cabendo ao laboratório central, além da realização de exames de maior complexidade, a supervisão dos demais laboratórios, o desenvolvimento e a padronização de técnicas e métodos laboratoriais.

Análise de produtos

A Divisão de Bromatologia e Química mantém constante parceria com o Centro de Vigilância Sanitária e com o Centro de Vigilância Epidemiológico, prestando serviços especializados no controle de qualidade de alimentos, bebidas, medicamentos, cosméticos e outros produtos, assim como de suas matérias-primas e aditivos.

Essa divisão faz o monitoramento dos remédios genéricos e também das práticas de falsificação. Segundo, porém, o diretor da Divisão de Bromatologia e Química, Odair Zenebon, ‘hoje não encontramos mais tantos problemas com respeito a isso’.

Existem, segundo ele, muitas denúncias de problemas com cosméticos. Um exemplo muito comum é de alisantes para cabelos. O IAL encontra também muitos problemas com fraldas descartáveis, principalmente com a proliferação de fábricas de fundo de quintal.

Uma dica dada pelo diretor é não comprar embalagens amassadas, porque podem conter microfuro, por onde as bactérias podem entrar.

A Divisão de Biologia Médica é responsável pelo diagnóstico de doenças compulsórias e outros agravos inusitados em saúde pública. ‘São doenças de caráter social, importantes de estarem sob controle’, explica a diretora da divisão, Julia Souza Felippe. ‘Como exemplos, temos dengue, rubéola, tuberculose e hantavirose. São feitos 20 mil exames por mês de diagnóstico de doenças importantes.’

Controle de amostras de exame

O IAL apresenta Laboratórios de Referências para o diagnóstico de agravos de saúde. É laboratório referência nacional em meningite, hantavirose, coqueluche, difteria e órgão colaborador da OMS em serviço de virologia.

Durante o alerta mundial contra a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), em março do ano passado, o instituto ficou responsável pela vigilância da chegada da doença ao Brasil – e conseguiu executar a missão com eficiência. ‘Tivemos de lidar com aquela situação de forma rápida e sem estarmos devidamente preparados’, ressalta Julia. Ao todo, foram 32 casos suspeitos no País. E os testes realizados no IAL indicaram que a Sars não chegou realmente por aqui.

A Divisão de Patologia estuda as atividades de doenças crônicas degenerativas, infecções e neoplasias (como diabetes e linfomas) por meio dos laboratórios de histopatologia, citopatologia/patologia quantitativa e imuno-histoquímica. Todas as amostras biológicas que chegam ao IAL passam primeiro por um desses laboratórios.

O setor de citologia oncótica é responsável técnico pelo controle de qualidade dos exames colpocitológicos para prevenção e detecção do câncer de colo uterino no Estado. Faz cerca de 17 mil exames de controle na capital e interior.

O que tem preocupado muito a diretora da Divisão de Patologia, Marina Maeda, é a qualidade das amostras dos exames. ‘A porcentagem de coletas de material malfeitas chega a 60% no caso dos exames ginecológicos’, informa.

A patologia do IAL montou padrão de referência em hematologia e sorologia e oferece, gratuitamente, o serviço de controle de qualidade a 12 instituições.

Referência em monitoramento do HIV

Desde a criação do Programa Estadual DST/aids, o Adolfo Lutz tem procurado executar e aperfeiçoar a determinação de marcadores laboratoriais (imunológicos, virológicos, parasitológicos, celulares e moleculares) para diagnóstico, prognóstico e monitoramento de tratamento da infecção por HIV e aids, assim como das infecções oportunistas associadas à aids.

Ao longo dos 20 anos de epidemia, o IAL tem padronizado novas técnicas e desenvolvido tecnologias, capacitando os laboratórios da rede pública e as unidades laboratoriais comprometidas com a assistência aos portadores de HIV/aids.

64 anos de história

A rede estadual de saúde foi formada em 1892, com a criação do Instituto Bacteriológico e do Laboratório de Análises Químicas e Bromatológicas, incorporando-se ao Instituto Vacinogênico, ao Laboratório Farmacêutico e aos hospitais públicos então existentes.

Em 1940, os dois grandes laboratórios públicos foram unidos. Como homenagem póstuma a Adolfo Lutz, o instituto criado recebeu seu nome.

Segundo o diretor do IAL, Dr. Cristiano Corrêa de Azevedo Marques, ao longo dos anos o Adolfo Lutz se modernizou e começou a interagir e a controlar toda a rede do SUS, no caso de saúde pública. A parte assistencial médica, como exames de fezes, urina e sangue, deixa de ser negócio, e volta para a análise de risco populacional, ou seja, doenças epidêmicas, como dengue, sarampo, tuberculose e, também, para a análise de produtos e serviços, como o controle da água para abastecimento humano, a contaminação de alimentos e do meio ambiente.

Por Andréa Barros, da Agência Imprensa Oficial

(LRK)