A partir deste ano, todos os 4,7 milhões de alunos do Ensino Fundamental e Médio da rede pública estadual farão o exame do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp). Essa é a primeira vez na história do ensino público do País que uma avaliação será feita com a totalidade dos alunos e não apenas com uma amostragem. A medida vai permitir uma análise precisa do ensino no Estado, levando em conta cada região, escola e aluno. O anúncio foi feito pelo governador Geraldo Alckmin e pelo secretário da Educação, Gabriel Chalita, nesta quarta-feira, dia 5, na sede da Secretaria.
As provas do Saresp serão formuladas pela Fundação Carlos Chagas. O investimento do Estado para que o exame possa atingir todos os alunos da rede será de R$ 9,7 milhões.
“Quando se tem uma rede pública de ensino do tamanho da que existe em São Paulo, é preciso que se consiga avaliar essa rede com toda a diversidade que ela tem”, disse Chalita. Ele explicou que o novo formato do Saresp vai permitir que se saiba, por exemplo, quanto os investimentos feitos pelo Estado em esporte e cultura dentro da escola influenciam na relação da aprendizagem.
De acordo com o secretário, o objetivo do Saresp é oferecer indicadores quantitativos e qualitativos para direcionar ações, projetos e investimentos da pasta. “Esse exame é um diagnóstico. Ele não será usado para punir ou reprovar”, afirmou.
Para Alckmin, a ação vai funcionar como uma bússola, para orientar e corrigir rumos. “Todas as políticas públicas têm de ser avaliadas. Temos compromisso com a qualidade do serviço público”, enfatizou.
Desde que foi implantado, em 1996, até o ano 2000, o sistema avaliava anualmente apenas duas séries do Ensino Fundamental ou Médio. Em 2001 e 2002, foram avaliadas as séries de final de ciclo, de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental.
Foco da avaliação 2003 será a Língua Portuguesa
As provas serão realizadas no dia 3 de dezembro. A aplicação dos exames deverão mobilizar mais de 141 mil profissionais da Educação, entre professores, diretores e supervisores. Também participarão do processo mais de 45 mil pais de alunos, representantes de Associações de Pais e Mestres (APMs), que vão atuar como observadores e analisadores da aplicação das provas.
Este ano, o foco do exame será a Língua Portuguesa. Os alunos serão avaliados com provas de Leitura e Escrita, fundamentais para o entendimento e desempenho das demais habilidades. “O Saresp mede habilidade e competência e não conteúdo. Haverá uma prova de redação e outras questões ligadas a Língua Portuguesa. As principais habilidades são verificar se os alunos sabem ler e escrever e as principais competências são se eles conseguem fazer correlações, interpretar, utilizar outros dados na redação de um texto”, explicou Chalita.
O exame será diferente para cada série, de acordo com as habilidades e competências que os alunos já desenvolvem. Alunos de 1ª e 2ª séries terão uma redação que trabalha com elemento lúdico, com figuras, e mais seis questões de múltipla escolha. Já os alunos de outras séries terão uma redação e uma bateria de 30 questões, também de múltipla escolha. Serão trabalhadas habilidades principalmente da área de humanas. As áreas de exatas e biológicas serão mais avaliadas no Saresp de 2004.
Os resultados das provas não serão usados para a criação de um ranking de escolas e as notas individuais dos alunos, que vão variar de 1 a 5, serão informadas diretamente aos pais, para que as famílias possam ajudar os filhos a melhorar o processo de aprendizagem.
Chalita acredita que o Saresp, a exemplo do que acontece atualmente com o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), também poderá ser utilizado pelas universidades como forma de evitar o vestibular, já que será realizado em todos os anos do Ensino Médio. “A universidade poderia avaliar o rendimento do aluno ao longo de três anos e não numa única vez, como acontece atualmente nos vestibulares”, afirmou.
De acordo com o secretário, há uma proposta para que, no ano que vem, o Saresp seja oferecido também para todos os municípios e escolas particulares. “Com isso, teríamos uma fotografia do ensino no Estado de São Paulo”, disse.
Cíntia Cury