São Paulo lança primeiro selo de qualidade para o café industrializado

Medida visa aumentar a venda do produto no mercado internacional

ter, 18/06/2002 - 14h34 | Do Portal do Governo


O Brasil quer sair da condição de maior exportador do café verde (cru) para tornar-se o maior exportador de café moído solúvel, tão competitivo quanto os que são vendidos pelos países do primeiro mundo, que importam o produto do nosso País. Um grande passo nesse sentido foi dado nesta terça-feira, dia 18, com o lançamento do Selo de Qualidade Para o Café Industrializado pelo governador Geraldo Alckmin no Palácio dos Bandeirantes. Obedecendo as novas regras, expostas numa cartilha, o produtor e o industrial brasileiro vão produzir o café com maior qualidade agregando valor ao produto, que se tornará mais competitivo no exterior. A medida envolve todas as cadeias produtivas, desde o treinamento do trabalhador rural – que colhe e estoca o produto – passando pelo industrial de café, supermercadistas e restaurantes.

São Paulo é o maior exportador de café do Brasil e o País, o maior do mundo. Em 2001, foram exportadas 24 milhões de sacas, das quais, 22 milhões de café verde em grão. Neste ano, o Estado estará colhendo cinco milhões das 40 a 42 milhões de sacas que o Brasil deverá produzir. Com o lançamento deste selo, o Governo paulista espera, nos próximos cinco anos, aumentar a participação do café solúvel e torrado.

O secretário de Agricultura, João Carlos Meirelles, resaltou a importância de normas que ajudem a mudar de forma significativa a imagem do café brasileiro no mercado internacional. “Nós não podemos nos dar ao luxo de exportar emprego e matéria prima para os outros agregarem valor e transformarem aquilo em sua riqueza”, disse com veemência.

Com este certificado, a intenção é que o valor agregado ao produto fique no País. “Nós estamos transformando a Alemanha e os Estados Unidos em um dos maiores exportadores de café torrado e moído do mundo”, declarou Meirelles. A Alemanha consegue ser a quarta maior exportadora mundial de café sem produzir um único grão em seu país. Os alemães compram o grão brasileiro e depois o reexportam torrado e moído ou solúvel, a preços cinco vezes superiores aos valores pagos pela matéria-prima aqui no Brasil.

Outra prioridade do programa é fazer com que o Interior paulista volte a ter orgulho de ser um estado rural. “De ser o precursor desta explosão que o café proporcionou na agricultura. O café foi responsável pelo desenvolvimento brasileiro no século XIX e foi capaz de abrir muitos caminhos”, relembrou Meirelles.

O governador Geraldo Alckmin explicou que o selo de qualidade vai garantir maior competitividade ao produto. “Demos um grande passo. A cadeia produtiva do café, desde a agricultura até chegar à mesa do consumidor, tem um fator muito relevante no emprego. É uma área de mão de obra intensa”. Alckmin lembrou que na semana passada esteve em Araras participando do lançamento da pedra fundamental da terceira fábrica da Nestlé no município, cuja unidade vai fabricar café solúvel, o que tornará a empresa maior do ramo na América Latina.

Cafés gourmet e superior

O presidente da Câmara Setorial do Café, Nathan Herszkowicz, disse que na primeira fase o Programa de Qualidade Selo São Paulo vai identificar, nas prateleiras dos supermercados e em outros pontos de vendas, dois tipos de cafés: o gourmet e superior. O gourmet é mais fino, de sabor intenso, aroma agradável, comparável aos vinhos finos. O superior é de uma categoria um pouco abaixo do gourmet, mas, ainda assim, melhor entre os tradicionais que existem no mercado. Os primeiros produtos certificados com o Selo São Paulo de Qualidade, que terá os dizeres Café Gourmet e Café Superior, estão previstos para chegar no mercado a partir do próximo mês.

Supermercados e restaurantes aderem ao programa

O governador Geraldo Alckmin e o secretário de Agricultura, João Carlos Meirelles, assinaram dois protocolos de intenção que estabelecem a adoção de níveis mínimos para a qualidade do café. Um foi firmado com a Associação Paulista de Supermercados (APAS). De acordo com seu presidente, Omar Assaf, todo produto a ser colocado à venda nos supermercados tem de ter um padrão de qualidade. “O consumidor precisa saber que tipo de produto está levando para casa”. A falta de uma metodologia específica para a avaliação dos cafés existentes no mercado era uma das principais preocupações do setor, devido ao surgimento de produtos de qualidade inferior, criando um nível elevado de insatisfação entre os consumidores da bebida.

O outro protocolo foi assinado com restaurantes e similares. De acordo com Herszkowicz, uma das intenções da campanha promovida nos restaurantes é fazer com que cada vez mais o consumidor paulistano crie o hábito de encerrar uma boa refeição com um cafezinho de primeira qualidade.

Valéria Cintra