São Paulo comemora 72 anos da Revolução Constitucionalista de 1932

Revolução de 32 foi vitoriosa no combate à ditadura, destaca Alckmin

sex, 09/07/2004 - 14h49 | Do Portal do Governo


Sob os acordes da música Paris Belfort, São Paulo relembrou nesta sexta-feira, dia 9, os 72 anos da Revolução Constitucionalista de 1932. Por quase duas horas, a população que compareceu ao Mausoléu do Soldado Constitucionalista no Parque do Ibirapuera – para prestigiar o desfile militar e homenagear ex-combatentes – esteve em contato com um importante momento da história do povo paulista e do País. A solenidade contou com a participação do governador Geraldo Alckmin, do vice-governador Cláudio Lembo, entre outras autoridades.

O 9 de julho de 1932 representa um marco na história de São Paulo e do Brasil. A Revolução Constitucionalista representou o inconformismo de São Paulo contra a ditadura do presidente Getúlio Vargas e custou a vida de mais de 800 soldados do lado paulista e cerca de 400 aliados do governo. São Paulo não ganhou o combate mas as conquistas, obtidas dois anos depois, foram fundamentais para o País: em maio de 1933 foram marcadas as eleições para a Assembléia Constituinte. Em 1934, Getúlio Vargas promulga a Constituição Brasileira, o povo passa a ter direito ao voto, inclusive as mulheres, que até então eram excluídas.

A importância de se passar em revista este fato histórico e propagá-lo para as novas gerações foram destacados pelo governador Geraldo Alckmin. ‘As gerações mais novas não conheceram a revolução de 32. Esta data faz crescer o sentimento cívico, em se ressaltar os valores e princípios que nortearam a revolução de 32’, disse.

A versão equivocada de que São Paulo queria o separatismo, quando na realidade, o Estado estava lutando para que o Brasil tivesse uma constituição digna, foi mencionado pelo governador. “Embora derrotado sob o ponto de vista militar a revolução de 1932 foi vitoriosa no combate à ditadura, tanto é que em 1934 vieram as conquistas que os paulistas tanto lutaram como a justiça eleitoral”, relembrou.

Naquele tempo, votava quem não tinha nascido, quem já tinha morrido, a eleição era roubada, o voto não era secreto, existiam os currais eleitorais e as mulheres não tinham direito ao voto. “Tudo isto veio com a luta de 1932. Este é o momento alto da vida de São Paulo e a gente fica feliz em ver esta grande participação de toda a população. Nossa homenagem aos heróis da revolução de 32 e o nosso compromisso de mantermos-nos firmes para fazer juz a este período histórico, a esses valores que representa o povo paulista.

O 9 de Julho foi instituído como feriado estadual em março de 1997, a partir da lei 9.497 promulgada pelo governador Mário Covas. Entre veteranos e pensionistas, atualmente 6.092 pessoas recebem benefícios do Estado, em decorrência da Revolução de 1932.

Um dos ex-combatentes da Revolução, Olegário Cravinhos de Paula e Silva, 86 anos, disse que ele e toda sua família participaram ativamente da revolução fazendo capacete de aço e na frente do combate. “Sinto saudades. Foi um momento muito importante de minha vida”, afirmou.

Sobre as comemorações desta sexta-feira

Um cortejo conduzindo urnas com despojos dos heróis de 32 e o desfile dos ex-combatentes marcaram os momentos mais solenes da comemoração. Alckmin colocou flores no túmulo dos hérois e entregou medalhas às autoridades civis e militares.

Atualmente, existem 200 ex-combatentes vivos. Na época da Revolução, o número de combatentes chegou a 30 mil, dos quais 8 mil pertenciam à Força Pública, 14 mil eram civis que entraram em combate e outros 8 mil, entre homens e mulheres, atuaram na logística.

Do desfile militar participaram Marinha, Exército, Força Aérea Brasileira e várias unidades da Polícia Militar, como cadetes da Academia do Barro Branco, Batalhão de Choque, Polícia Ambiental, Grupo de Ações Táticas Especiais, Regimento de Cavalaria Nove de Julho, Grupo Tático Ostensivo Rodoviário, Rota, Corpo de Bombeiros, entre outras.

Após o desfile cívico-militar, foi realizado o show musical do grupo ‘‘Trovadores Urbanos’’ que apresentou um repertório baseado em músicas do período da Revolução de 32. Depois, a banda ‘Homem do Brasil’ apresentou um repertório com rock de bandas paulistas. Esses shows foram realizados em um palco montado ao lado do Obelisco.

Valéria Cintra

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