Recursos Hídricos: Mudança de atitude da população pode contribuir para o Projeto Tietê

35% da poluição acumulada na Bacia do Rio Tietê vêm de lixo jogado nas ruas

ter, 10/02/2004 - 12h02 | Do Portal do Governo

Em 2005, Bacia do Tietê poderá receber diariamente 300 toneladas de lixo jogado nas ruas. Com essa quantidade, o rio e seus afluentes permanecerão sujos

Cerca de 35% da poluição acumulada na Bacia do Rio Tietê não vem de redes de esgoto, mas sim do lixo jogado nas ruas. Todos os dias, as águas do Tietê recebem toneladas de sacolas plásticas, garrafas, latas e outros tipos de lixo abandonados por moradores da Região Metropolitana de São Paulo.

“Se a população não mudar de atitude, a situação permanecerá crítica. Em 2015, esse lixo deverá representar 65% da sujeira despejada diariamente na Bacia”, afirma José Antonio De Angelis, Superintendente de Gestão e Empreendimentos da Produção da Sabesp. empresa vinculada à Secretaria de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento.

Tentando reverter o quadro, a Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo) firmou uma parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica para a segunda Etapa do Projeto Tietê. A ONG ficou responsável por elaborar um programa detalhado de educação e conscientização ambiental.

A aproximação da população é fundamental para o sucesso do projeto, que nasceu justamente após um abaixo-assinado feito em 1992 por 1,2 milhão de paulistas. Isso porque mesmo com os esforços do poder público, o Rio poderá continuar poluído em 2015. Estudos da Sabesp apontam que daqui a 11 anos o lixo jogado nas ruas representará 167 toneladas de sujeira que chegará diariamente no Tietê. Para ser considerado limpo, esse volume tem de ser menor que 100 toneladas.

O plano elaborado pela SOS Mata Atlântica foi baseado em experiências em outros projetos de mobilização e educação ambiental. O trabalho é estruturado em ações como o incentivo ao acompanhamento da sociedade em todas as etapas do Projeto e a elaboração de um plano para as escolas, com capacitação de professores e confecção de material didático. No entanto, há espaço para projetos de outras ONGs serem encampados. Nestes casos, a SOS gerenciaria os demais planos e repassa parte dos recursos financeiros.

A SOS Mata Atlântica trabalha com a educação ambiental com ênfase na área de recursos hídricos desde 1991. Em 1998, a fundação desenvolveu com financiamento da Sabesp o Projeto Observando o Tietê em 55 municípios ribeirinhos, formado por 300 grupos de monitoramento. No programa, a SOS incentivava estudantes e líderes comunitários a fazer uma verificação periódica da qualidade da água do Rio. A experiência credenciou a ONG a participar da 2a Etapa do Projeto Tietê, o maior programa de saneamento ambiental do país.

Kits de monitoramento da água

Cada um dos 300 grupos de monitoramento, envolvendo escolas da rede pública e privada de ensino e grupos organizados da sociedade civil, utiliza um kit de análise da água. Esses kits possuem substâncias que reagem e mudam de cor conforme sete parâmetros físico-químicos: coliformes totais, oxigênio dissolvido, demanda química e biológica de oxigênio, fosfato, PH e nitrogênio amoniacal. O método permite mapear a degradação ambiental, sendo também importante para o processo educativo, já que a medição levanta questões sobre as causas da poluição.

Além disso, as equipes são estimuladas a observar as espumas, transparência, material sedimentável, larvas e lixos. Os grupos de monitoramento do Tietê atuam desde a nascente do rio, em Salesópolis, até a foz, no rio Paraná.

Da Assessoria de Imprensa da Sabesp/Simone Saggioro/Clara Costa/L.S