Reciclagem: Programa da USP utiliza gerenciamento de resíduos químicos nos laboratórios

Projeto traz ganhos ambientais e econômicos

qui, 11/09/2003 - 11h52 | Do Portal do Governo

Da Agência de Notícias da USP
Por Pedro Biava

O Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP de Piracicaba desenvolveu e está aplicando com sucesso um Programa de Gerenciamento de Resíduos Químicos e Águas Servidas nos seus laboratórios de ensino e pesquisa.

O programa teve inicio no final de 1996, no Laboratório de Produção de Isótopos Estáveis, motivado pelo incremento (20 vezes a partir de 1996) na demanda, no Brasil, por compostos enriquecidos nos isótopos estáveis, aumentando significativamente a geração de resíduos. O programa é responsável por reduzir drasticamente a quantidade de resíduos que era descartada nos laboratórios, trazendo com isso ganhos ambientais e econômicos.

No Laboratório de Isótopos Estáveis é possível o reaproveitamento – reciclagem, recuperação ou reutilização – de cerca de 95 % dos 400 mil litros de efluentes líquidos perigosos gerados anualmente. Com o programa sendo aplicado em todos os laboratórios da instituição, a economia anual já chega a R$ 60 mil, além do considerável ganho ambiental.

O engenheiro químico e professor José Albertino Bendassolli, coordenador do Laboratório de Isótopos Estáveis e do Programa de Gerenciamento de Resíduos Químicos do Cena, conta que em 1997 o Cena tinha 5 toneladas de passivos, resíduos gerados ao longo dos anos e estocados em depósito provisório.

‘Geralmente esses resíduos eram estocados incorretamente e sem identificação’, explica o professor. Os técnicos do programa tiveram que caracterizar cerca de 85% do passivo, para depois encaminhar para o destino mais apropriado. Hoje, há um banco de dados que gerencia todos os resíduos do Cena (ativo e passivo).

Escalas de prioridades

Segundo o professor, o gerenciamento dos resíduos segue uma escala de prioridades: a primeira é evitar a geração, com alterações de ensaios, matérias primas e insumos. A segunda etapa envolve procedimentos que reduzam a geração de rejeitos substituindo materiais e metodologia, aplicando por exemplo a microescala e processos automatizados.

O reaproveitamento dos resíduos, com procedimentos de reciclagem e recuperação é a terceira etapa. A quarta etapa envolve o processo de tratamento, seja químico, físico, físico-químicos, térmico, ou biológico. Por fim, a última etapa na escala de prioridades, quando todas as outras não forem possíveis, está relacionada com a disposição final em aterros e depósitos, entre outros.

Os laboratórios de ensino e pesquisa consomem mensalmente cerca de 60 mil litros de água desmineralizada, sendo todo esse volume produzido no próprio Cena. Antes do programa, a água era obtida por processo de destilação, consumindo cerca de 930 metros cúbicos (m3) de água no sistema de refrigeração (média de 15 litros por litro de água destilada obtida) e aproximadamente 42 mil kwh de energia mensalmente.

Com o Programa de Gerenciamento de Água e Energia Elétrica, o processo convencional de destilação, foi substituído pelo uso da técnica de troca iônica, sendo construída uma central de produção de água desionizada, com capacidade de obtenção de 5000 litros por dia. As colunas trocadoras de íons são um método mais simples, barato e produzem água com elevada pureza química e biológica utilizando um esterilizador ultravioleta na desinfecção e armazenagem.

Com o novo método, 99% da água é aproveitada e o consumo de energia elétrica reduzido em cerca de 98%. Desse modo a economia em todos os laboratórios do Cena, atualmente, é de R$ 6.000,00 por mês, podendo chegar até R$ 12.000,00. ‘No final do ano temos uma economia total de R$ 72.000,00’, exalta o professor.

Os resíduos gasosos também são tratados. Para tanto, estão sendo instalados em todos os sistemas de exaustão lavadores de gases ou filtros para orgânicos, protegendo o profissional e o meio ambiente.

Mais informações: (0XX19) 3429-4680

V.C.