Publicação: Edusp lança livro de arte em homenagem ao centenário de Rebolo

Evento será nesta quinta-feira, na Galeria de Arte do Sesi

qui, 19/12/2002 - 14h12 | Do Portal do Governo

Nas trezentas páginas da obra Rebolo: 100 anos, o personagem Francisco Rebolo Gonsales deixa o leitor conhecer-lhe as duas grandes paixões, o futebol e a arte. O livro expõe a experiência do homem do povo, do futebolista que não desgrudava o ouvido do radinho de pilha durante os jogos do coringão e mostra o trabalho do pintor. Contendo reproduções de quadros, fotos, cartas, cronologia e comentários críticos, a obra em homenagem ao centenário do artista plástico será lançada nesta quinta-feira, dia 19, às 18 horas, na Galeria de Arte do Sesi, na Avenida Paulista, 1.313.

Com apresentação de Antônio Gonçalves, da Comissão do Centenário, composta por amigos e admiradores, o livro resulta da parceria entre o Museu de Arte Contemporânea da USP, Galeria de Arte do Sesi, Imprensa Oficial do Estado e Editora da USP.

Considerado por personalidades como Mário de Andrade e Sérgio Milliet um dos mais importantes paisagistas da pintura nacional, Rebolo produziu mais de três mil pinturas, centenas de desenhos e 50 gravuras, de variadas técnicas. Há também expressivo conjunto de retratos, figuras, naturezas-mortas e flores. Hoje, seus trabalhos estão nos principais museus brasileiros, no acervo de órgãos culturais e governamentais e em coleções particulares em todo o Brasil.

Ainda em comemoração ao seu centenário, está prevista a criação do Instituto Rebolo, em 2003. Será um espaço dedicado à pesquisa e à divulgação de artistas, consagrados ou não, que produziram em São Paulo no século XX. Em especial, o Instituto se especializará nas obras do artista e dos integrantes do Grupo Santa Helena.

Vida e obra

Filho de imigrantes espanhóis, nasceu no bairro da Mooca, em São Paulo, no dia 22/08/1902. No olhar de críticos, Rebolo teve três trajetórias e viveu intensamente cada uma delas: empreendedor na área de pintura decorativa, durante quatro décadas; futebolista de talento por 17 anos (com 15 anos, 1,60 metro e bem magro, afirma-se na posição de ponta-direita como titular); e artista plástico de sucesso de 1934 a 1980, quando faleceu.

Foi o primeiro artista a pintar cena de ‘jogadores de futebol’, inclusive retratando um jogador negro. Um fato curioso uniu suas duas atividades: na década de 30, conhecido como pintor, desenhou o símbolo definitivo do Corinthians, que é hoje um ícone nacional.

‘As obras são criadas e soltas no mundo, são como filhos que a gente volta a encontrar e algumas vezes estranha um pouco, outras se encanta’, explica Rebolo. Mas há os rebentos prediletos, como é o caso das paisagens. A natureza não aparece como elemento decorativo, mas sim se impõe como necessidade para a vida. Prova disso é o quadro Marinha, de 1973, em que a beleza, espontaneidade e leveza convidam as pessoas a sentir o ambiente e a reter seu lirismo.

Sem alardes nem ousadias

No início da carreira, monta seu ateliê no imponente edifício Santa Helena (prédio das antigas Praça da Sé e Clóvis, no centro de São Paulo) e convida os colegas Aldo Bonadei, Fúlvio Pennacchi, Alfredo Volpi, Clóvis Graciliano, Mário Zanini e outros para utilizar o espaço. Dessa convivência e proximidade surge o Grupo Santa Helena.

O grupo reúne artistas de personalidades diferentes, ligadas pelo desejo de fugir ao academicismo, predominante na pintura daquela época no Brasil. São artistas artesãos, autodidatas e pouco informados sobre os movimentos internacionais, ao contrário das refinadas personalidades da Semana de Arte Moderna de 1922.

No final da década de 40, estava no núcleo dos grupos que criaram o Museu de Arte Moderna e a Bienal de São Paulo, no qual expôs e integrou júris, nos anos 50. Ao ganhar o Prêmio de Viagem ao Exterior, no Salão Nacional, vai residir na Europa, onde desperta para novas fases em suas pinturas.

Claudeci Martins
Da Agência Imprensa Oficial

R.K.