Projeto avalia impactos de pesquisas na agricultura

Metodologia inovadora foi desenvolvida por estudiosos da Unicamp

seg, 26/05/2003 - 18h50 | Do Portal do Governo

Uma metodologia inovadora no Brasil, para a avaliação dos impactos de pesquisas científicas, foi desenvolvida pelo Grupo de Estudos sobre Organização da Pesquisa e da Inovação (GEOPI) do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências da Unicamp. A nova metodologia foi desenvolvida como um instrumental a ser utilizado por gestores, pesquisadores e analistas de instituições públicas ou organizações privadas, na sensível tarefa de avaliação de projetos e tomada de decisões.

Resultado do Projeto ‘Políticas Públicas para a Inovação Tecnológica na Agricultura do Estado de São Paulo: métodos para avaliação de impactos da pesquisa’, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep, agência de fomento do Ministério da Ciência e Tecnologia), a metodologia desenvolvida no Instituto de Geociências (IG) da Unicamp tem como uma de suas características inovadoras a abertura para avaliação não apenas dos impactos econômicos de um projeto de pesquisa, como normalmente ocorre. O instrumental metodológico permite igualmente a avaliação dos impactos sociais, ambientais e em termos de capacitação tecnológica decorrentes de uma pesquisa científica.

‘O objetivo era encontrar uma abordagem que não fosse reducionista, mas multidimensional, ou seja, que considerasse várias dimensões no momento de avaliação dos impactos de uma pesquisa’, afirma o economista André Tosi Furtado, professor do DPCT-IG-Unicamp e que integrou o grupo responsável pelo desenvolvimento da metodologia. O professor Furtado nota que as poucas metodologias existentes para avaliação dos impactos de pesquisas geralmente se restringem a uma dimensão, sobretudo a econômica.

Outra característica inovadora da metodologia foi a sua formulação com base em um trabalho em rede, integrando várias instituições parceiras, como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC-RJ) e Bureau d´Economie Théorique et Appliquée (Beta), ligado à Universidade de Estrasburgo (França).

A professora Maria Beatriz Machado Bonacelli, também do DPCT-IG-Unicamp, lembra que a metodologia batizada de ESAC (sigla das dimensões econômica, social, ambiental e de capacitação) foi estruturada para a avaliação de dois programas de pesquisa coordenados pelo IAC, sobre aspectos do desenvolvimento tecnológico nas duas principais culturas agrícolas do Estado de São Paulo, a cana-de-açúcar e a laranja. Por este motivo foi idealizado um trabalho em rede, que envolvesse diferentes instituições de pesquisa e de gestão na área agrícola e de agronegócios.

Como a própria natureza da metodologia multidimensional exigia, estiveram envolvidos nos últimos dois anos, em um esforço coletivo, profissionais de diferentes formações das instituições integradas em rede, como economistas, sociólogos, ecólogos e agrônomos. ‘Desenvolver uma metodologia de avaliação de pesquisa com um caráter multidimensional seria certamente um trabalho complexo, e que apenas seria realizado por uma equipe multidisciplinar’, salienta o professor André Furtado.

Mais informações podem ser obtidas no site www.unicamp.br

José Pedro Martins do portal da Unicamp
V.C.