Programa Todos os Cantos da Cultura integra artistas e população carente

Em abril, técnicos da Fundação Seade retornarão aos 67 municípios paulistas mais pobres para identificar o que mudou entre os moradores depois das açõ

ter, 01/02/2005 - 10h10 | Do Portal do Governo

Em abril, técnicos da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) retornarão aos 67 municípios paulistas mais carentes para identificar o que mudou entre os seus moradores depois de uma série de ações do Programa Todos os Cantos, da Secretaria da Cultura. Dessas localidades, espalhadas pelo interior do Estado, 50 são classificadas entre aquelas com menor Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) e 17 possuem os mais baixos coeficientes do Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), utilizado pelo Legislativo paulista. Segundo critérios das Nações Unidas, o IDH considera a longevidade da população, nível educacional e renda.

O Todos os Cantos buscou a realização de atividades culturais em massa nesses municípios com oficinas de teatro, música e poesia. Ao final de cinco meses, os resultados serão apresentados para os moradores e, depois, cruzados entre si, para promover a integração entre os artistas e a população envolvidos no projeto. Foram organizados, também, mostras de artes plásticas itinerantes, doações de livros para as bibliotecas, oficinas de contadores de história, programas musicais – como o Interior Acústico –, entre outros.

Estão sendo investidos R$ 730 mil, dos quais 40% vieram de patrocínio do Banco Santander-Banespa. “Temos consciência de que isto é apenas o começo de uma grande empreitada para garantir e assegurar o direito de inclusão social a todos”, disse o governador Geraldo Alckmin. “A idéia é que a cultura seja um elemento transformador nessas localidades, para conscientizar a população de que a arte é uma importante ferramenta de inclusão social”, acrescentou a secretária de Cultura, Claudia Costin.

Mudando estatísticas – O diretor Fernando Calvozo explica que a nova pesquisa prevista para abril trará instrumentos mais precisos para saber se a secretaria está no caminho certo. Algumas constatações foram feitas, como a predominância de uma preocupação maior dos moradores com emprego. Na questão estimulada, cultura aparece em terceiro lugar, depois de trabalho (1) e saúde (2). “Vamos buscar projetos que capacitem melhor as pessoas para o trabalho”, ressaltou Calvozo.

Os relatórios parciais dos “oficineiros” – que levam atividades culturais às comunidades – mostram os desafios a ser superados. Em Caiuá, na região de Presidente Prudente, é grande a dificuldade de deslocamento para parte dos moradores, o que atrapalha a adesão ao programa. Dos 50 inscritos, 20 mantêm assiduidade.

Em Queiroz, município de Marília, os habitantes demonstram grande interesse, apesar do “acanhamento e da incrível dificuldade de leitura”. O técnico também constatou “total desconhecimento do que seja teatro”. Em Tejupá (Sorocaba), identificou-se entre os participantes “muitos moradores dedicados e que observam atentamente tudo que é aplicado na aula”.

O pessoal da secretaria coletou depoimentos que revelam as descobertas da comunidade que nunca teve contato com formas de fazer arte. “O teatro é bom porque nos ensina muitas palavras novas”, diz Osiane de Vasconcelos, 17 anos, de Salmourão (Presidente Prudente). A professora Silvana Moura, de Itararé, Sorocaba, destaca a função educativa da iniciativa: “Embora não esteja fazendo a oficina para me tornar atriz, isso tem ajudado a perceber quanto as pessoas precisam treinar o hábito de leitura, enriquecer seu vocabulário e interpretar o que lê ou fala”.

Além de mudar as estatísticas, o Todos os Cantos está transformando vidas. Os números de 2005 devem confirmar isso.

Cine itinerante – Uma queixa constante entre os habitantes das comunidades carentes é a falta de cinema. Por isso, por meio de uma parceria com a empresa Cinemagia, especializada na projeção de filmes, a Secretaria de Cultura promoveu entre os meses de agosto e dezembro a exibição de três filmes brasileiros: Tainá – Uma Aventura na Selva Amazônica,Os Xeretas e Central do Brasil.

A caravana chegou a 55 municípios e reuniu média de público de 400 pessoas por sessão. O número de espectadores chegou a 22 mil moradores. A produtora Claudia Franceschi explica que, para que a ação não se tornasse efêmera, a secretaria ofereceu antes de cada sessão palestra sobre o Cinema Brasileiro, que abrangeu desde os tempos da Vera Cruz até os dias de hoje. As projeções foram realizadas em centros comunitários e culturais e escolas estaduais. “Um fato interessante no encontro é que colocamos as possibilidades do cinema enquanto gerador de empregos, e destacamos funções de figurinista, camareiro, maquiador, eletricista, abrindo horizontes para o público jovem.”

Da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Cultura

(LRK)