Programa de reflorestamento vai estimular o plantio de árvores nobres

Além da preservação ambiental, iniciativa poderá atender interesses comerciais

sex, 15/03/2002 - 13h13 | Do Portal do Governo

Até o fim deste ano serão plantadas 1,2 milhão de árvores de madeiras de lei no Estado de São Paulo. A iniciativa, além de representar um expressivo ganho ambiental, poderá se tornar uma atividade lucrativa.

O programa determina que cada hectare plantado seja igual ao outro. Ou seja, que devem ser plantados os mesmos tipos de espécies e com espaçamento padronizado entre uma árvore e a outra.

Tal padronização é condição necessária, mas não suficiente, para que a madeira possa dar origem no futuro a um certificado negociável como ativo financeiro. A coordenação do Programa Estadual de Incentivo à Produção de Madeiras de Lei está sendo feita por Gerson Ferreira Filho, da Secretaria de Governo e Gestão Estratégica.

Ferreira Filho explicou que foram escolhidas cinco espécies de árvores nobres para iniciar o plantio. “A Legislação exige que 20% da área de cada propriedade rural sejam reservadas para a produção de essências nativas, nas quais se incluem as madeiras de lei’, advertiu. Mas, segundo ele, na prática esta exigência não é respeitada. “São árvores que demoram muito para crescer e, portanto, têm retorno comercial demorado. A possibilidade de negociação antecipada daria novo estímulo ao produtor florestal”, observou.

Os bosques já estão sendo criados no Estado de São Paulo. Cada hectare contém 804 árvores, sendo 134 de cada uma das espécies escolhidas (Pau-Marfim, Aroeira, Ipê-Roxo, Amendoim e Canela) e 134 de árvores frutíferas diversas. “A padronização também exige o plantio de árvores frutíferas intercaladas às mudas nobres. Isso está sendo feito para atrair pássaros que ajudam a disseminar as sementes”, disse Ferreira Filho.

Ele informou que 20% do plantio já foi realizado e que isso está sendo feito em diversas regiões do Estado de São Paulo. “A iniciativa privada também está se interessando pelo programa, sendo que sete grandes empresas já estão trabalhando em parceria com o Governo do Estado, plantando bosques-padrões nas suas áreas tal como vêm fazendo os Institutos, Fundações e empresas públicas do Estado que também estão empenhados no projeto.

Apesar do número de árvores que estão sendo plantadas ser expressivo, a quantidade é pequena se comparada às áreas disponíveis para plantio. “Nós estamos falando em plantar 1.534 hectares, mas o Estado de São Paulo poderia ter 4 milhões de hectares ocupados por árvores nativas, de acordo com a Lei”, comparou o coordenador.
Paradoxalmente, São Paulo é um grande centro consumidor de madeiras de lei. “Cerca de 60% das árvores nobres retiradas ilegalmente da Amazônia passam por São Paulo.

Coibir essa atividade é uma incumbência do Governo Federal, mas com o projeto também estaremos, a longo prazo, criando oferta mais perto das fontes de consumo e indiretamente favorecendo a preservação na Amazônia”, analisou. Ferreira Filho alertou que até hoje as autoridades ambientais cuidaram da preservação, mas não criaram sistemas para que o crescimento da cobertura florestal também fosse um bom negócio. “Isso é necessário para que haja uma grande adesão da iniciativa privada a esse projeto”, disse.

Até o mês de maio, as empresas que irão realizar a nova etapa de plantio terão de estar contratadas pelo Governo do Estado. Na próxima segunda-feira, dia 18, será realizada a Reunião de Divulgação e Esclarecimento, na Secretaria de Economia e Planejamento, para informar os procedimentos de plantio às empresas interessadas. “A contratação acontece em maio e o reflorestamento deverá ser feito no segundo semestre deste ano”, esclareceu Ferreira Filho.

Rogério Vaquero

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